Corpos de 74 pessoas dão à costa na Líbia

Pelo menos 4579 refugiados e migrantes morreram em 2016 na rota do Mediterrâneo entre aquele país árabe e a Itália.

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Os corpos deram à costa de Zawiya durante a noite Crescente Vermelho

O Crescente Vermelho da Líbia recuperou 74 corpos de refugiados e migrantes que deram à costa na cidade de Zawiya, no Mediterrâneo. A organização publicou fotografias no Twitter nas quais se vê uma longa fila de corpos alinhados na areia, dentro de sacos brancos e negros.

O porta-voz do Crescente Vermelho daquele país árabe, Mohammed al-Mistari, diz à Associated Press que as circunstâncias de mais este naufrágio ainda não são claras. Os corpos deram à costa durante a noite, mas ainda não foi possível encontrar nenhum rasto do barco em que se pensa que estariam. Segundo Misrati, as autoridades locais vão começar a levar os corpos para um cemitério destinado a pessoas não identificadas na capital, Trípoli.

O número de mortes de refugiados que tentam chegar à Europa através da rota entre a Líbia e a Itália está a atingir níveis sem precedentes. Este ano, sem contar com as vítimas desta terça-feira, já morreram pelo menos 230 pessoas, dizem as Nações Unidas.

Ao longo de 2016, morreram pelo menos 4579 pessoas afogadas nesta zona do Mediterrâneo, um valor-recorde, de acordo com o Alto Comissariado da ONU para os Refugiados — sabe-se que muitas pessoas nunca chegam a ser encontradas, pelo que o número será ainda maior. No ano anterior, tinham sido contabilizadas 2869 mortes; em 2014, 3161.

Esta rota usada por redes de contrabandistas voltou a ser muito procurada no ano passado por causa do controverso acordo entre a União Europeia e a Turquia para travar a vinda para a Europa de refugiados sírios e iraquianos a partir das costas turcas — desde Março que as autoridades de Ancara apertaram a vigilância nas praias.

No início deste mês, os líderes europeus debateram um plano idêntico ao que envolve a Turquia para a Líbia. Na prática, a lógica é a mesma: oferecer dinheiro ao Governo para que este impeça as pessoas de chegar aos barcos e tentar cruzar o Mediterrâneo. Mas este plano é ainda mais polémico, já que a Líbia vive uma guerra civil e os dirigentes apoiados pela ONU têm muito pouco controlo num país dividido entre milícias de senhores da guerra e terroristas.

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