Coreia do Norte vai interromper comunicação diplomática com os EUA

Esta é mais uma medida de Pyongyang após o acordo entre os EUA e a Coreia do Sul. Os dois países querem instalar um sistema anti-míssil com o objectivo de conter a ameaça do Norte.

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A televisão norte-coreana mostrou imagens de um lançamento a partir de um submarino, no dia 9 de Julho Kim Hong-Ji/Reuters

A Coreia do Norte anunciou esta segunda-feira que vai interromper o canal de comunicação diplomática com os EUA e insinuou que pode aplicar sanções a cidadãos norte-americanos detidos no país.

A Coreia do Norte disse ter declarado aos EUA que iam deixar de usar o “canal Nova Iorque”, utilizado para manter o contacto entre os dois países. Os diplomatas comunicavam desta forma pois não existem laços diplomáticos oficiais. Segundo a Korean Central News Agency, uma agência do Estado, Pyongyang avisou Washington que ia tratar de todos os assuntos que envolvem ambos os países, incluindo norte-americanos que estão detidos na Coreia do Norte, recorrendo a uma lei, não especificada, que remonta à altura da guerra.

De acordo com a AFP, os avanços feitos pelos EUA para a libertação de pelo menos dois cidadãos detidos podem estar agora ameaçados. Um deles tem uma pena de dez anos com trabalhos forçados e outro foi condenado a 15 anos de prisão por alegadamente cometerem os crimes de espionagem e subversão, entre outras actividades contra o Estado norte-coreano. Já houve casos em que presos foram libertados ou deportados após figuras norte-americanas de grande visibilidade terem visitado a Coreia do Norte para esse efeito.

Através de um comunicado divulgado pelos média estatais, o exército norte-coreano revelou “uma vontade inabalável para um ataque de retaliação cruel”, citou a BBC. No mesmo comunicado assegura que iam adoptar medidas para uma “resposta física para controlar completamente o THAAD assim que a localização na Coreia do Sul for confirmada”. O Ministério da Defesa sul-coreano disse que o local seria escolhido “dentro das próximas semanas”.

Estas declarações surgem como retaliação ao comunicado de sexta-feira que revelou o acordo entre os EUA e a Coreia do Sul para a construção de um sistema de defesa anti-míssil – o Terminal High Altitude Area Defense (THAAD) - que estará concluído até ao final de 2017. “O continuado desenvolvimento de mísseis balísticos e de armas de destruição maciça levaram a que a aliança tome esta medida prudente e de prevenção”, comentou o general Vincent Brooks, que comanda as forças dos EUA na Coreia do Sul, de acordo com a Reuters. Este sistema tem como objectivo conter os avanços da Coreia do Norte, que recentemente lançou um míssil de médio alcance e no início deste ano fez um teste nuclear.

Logo no dia seguinte ao projecto THAAD ser apresentado, no sábado, Pyongyang fez mais um lançamento de um míssil a partir de um submarino do mar do Japão. Os EUA e a Coreia do Sul consideraram que este teste falhou e o míssil caiu ao mar.

Kim Jong-un foi pela primeira vez directamente sancionado pelos EUA, na última semana, por desrespeitar os direitos humanos da população norte-coreana. A Coreia do Norte viu estas sanções como uma “declaração de guerra”.

O sistema THAAD terá apenas a Coreia do Norte como alvo, mas a China e a Rússia não apoiam esta medida pois consideram que os novos radares podem ser usados para detectar os seus mísseis também.

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