Coreia do Norte estará a preparar novo teste nuclear

Imagens recolhidas através de satélite mostram que o regime norte-coreano poderá estar a preparar-se para o lançamento do sexto míssil nuclear.

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Este sábado, o país celebra o 105.º aniversário do fundador do regime norte-coreano LUSA/HOW HWEE YOUNG

Em véspera da celebração do 105.º aniversário do nascimento de Kim Il-sung, fundador do regime norte-coreano, a actividade recolhida pelos satélites sugerem que Pyongyang pode estar a preparar-se para mais um teste nuclear.

As imagens recolhidas pelo think tank 38 North, que monitoriza o que se passa no país liderado por Kim Jong-un, mostram uma “actividade contínua”, cita o relatório da organização, partilhado esta quarta-feira. A cumprir-se a suspeita, este será o sexto teste com armas nucleares na Coreia do Norte desde 2006.

As imagens assinalam movimentos na “nova área administrativa” e algum pessoal “em redor do Centro de Comandos”, lê-se no relatório. O registo da actividade coincide com a crescente tensão entre os Estados Unidos e a Coreia do Norte.

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Imagens cedidas pela Airbus Defense & Space e 38 North - Includes material Pleiades © CNES 2017 Distribution Airbus DS/Spot Image
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Imagens cedidas pela Airbus Defense & Space e 38 North - Incluí material Pleiades © CNES 2017 Distribution Airbus DS/Spot Image

No fim-de-semana passado, já depois do encontro com o líder chinês em Mar-a-Lago e de ter lançado 59 mísseis contra as forças do regime da Síria, Donald Trump deu ordens para que o porta-aviões USS Carl Vinson e outros navios de guerra americanos invertessem a marcha que os levaria à Austrália e se dirigissem à península coreana, no Pacífico. Estes equipamentos, para além do poder de ataque maciço, têm a capacidade de interceptar mísseis balísticos.

Em resposta, a Coreia do Norte declarou-se, pela voz de um porta-voz dos Negócios Estrangeiros de Pyongyang, completamente “preparada para reagir” a qualquer acção dos Estados Unidos.

O Presidente norte-americano reagiria, escrevendo na rede social Twitter que “a Coreia do Norte está à procura de problemas”. “Se a China decidir ajudar, será óptimo. Se não, resolvemos o problema sem eles”, vincou Trump.

Já a postura do Governo chinês foi de apelo à “resolução pacífica”. “A China continua comprometida com o compromisso de desmantelar o arsenal nuclear da península [coreana], em manter a paz e estabilidade e em resolver os conflitos através de um caminho pacífico”, sublinhou o Presidente chinês, Xi Jinping, citado por um jornal chinês.

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Imagens cedidas pela Airbus Defense & Space e 38 North - Incluí material Pleiades © CNES 2017 Distribution Airbus DS/Spot Image

Já esta quinta-feira, aos jornalistas estrangeiros que se encontram actualmente na Coreia do Norte foi-lhes dito para se prepararem para “um grande e importante evento”. Não obstante, não é claro se este aviso das forças de Jong-un se refere simplesmente à celebração do próximo sábado, para o qual o país já se preparou com bandeiras espalhadas pelas avenidas, ou ao lançamento de um míssil nuclear.

De acordo com o chinês Global Times, a Coreia do Norte “nunca esteve tão próxima de um conflito militar desde o seu primeiro teste nuclear, em 2006”, lembrando o recente ataque dos Estados Unidos à Síria. “Desta vez, Pyongyang deve evitar quaisquer erros", escreve o editorial do jornal, esta quinta-feira.

Já o China Daily nota que “apesar de a propaganda de guerra parecer real, nenhuma parte quer realmente entrar em guerra”. “Muitos acreditam que Washington está a aumentar a pressão na esperança que Pyongyang altere o rumo sem que seja lançado nenhum míssil. De outra forma não teria insistido que Pequim podia e deveria ajudar a tomar as rédeas de Pyongyang”, lê-se.

A pressão a Pequim não chega apenas de Washington. Esta quarta-feira, também o primeiro-ministro australiano, Malcolm Turnbull, sublinhava a importância do papel do Governo chinês, um dos mais próximos do regime norte-coreano. Já esta quinta-feira, numa entrevista à Rádio Nacional australiana, o ministro da Defesa, Christopher Pyne, afirmou que, a este ritmo, nos próximos dois anos, o regime norte-coreano deverá ter um míssil com capacidade para atingir Austrália (e os Estados Unidos).

Para além da Coreia do Norte e dos Estados Unidos, possuem armas nucleares a Rússia, China, França, Reino Unido, Índia, Paquistão e, suspeita-se, Israel.

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