Preparada para uma "guerra total", Coreia do Norte pede fim da "histeria militar" dos EUA

Regime de Pyongyang revela novos mísseis balísticos em parada militar e responde às movimentações dos EUA com ameaças de "guerra total" e de "ataques nucleares".

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A Coreia do Norte celebra esta sábado o Dia do Sol, ou seja, a data de nascimento do presidente fundador do país, Kim Il-Sung Reuters/DAMIR SAGOLJ

Neste dia, 15 de Abril, em que o regime norte-coreano celebra o 105º aniversário do nascimento do líder fundador do país, Kim Il-sung, o seu neto e actual Presidente, Kim Jung-un, respondeu à ameaça de Donald Trump. Através de uma das figuras de topo do regime, Choe Ryong-hae, a Coreia do Norte diz-se preparada para “responder a uma guerra total com guerra total”.

“Estamos preparados para ripostar com ataques nucleares à nossa maneira, contra quaisquer ataques nucleares”, disse o número dois da hierarquia politico-militar de Pyongyang durante a parada militar comemorativa do aniversário.

Horas depois, a agência noticiosa oficial KCNA condenava a "histeria militar" dos EUA, que Pyongyang afirma ter atingido um patamar que "já não pode ser ignorado".

A resposta surge no dia em que o país comemora o Dia do Sol. Este sábado, uma vasta parada militar atravessou a praça Kim Il-sung em Pyongyang. Aviões desenharam o número 105 no céu, milhares de militares desfilaram e outros tantos milhares de civis saúdaram Kim Jung-un. Pelo meio, novo sinal de alarme: a britânica BBC e a agência noticiosa sul-coreana Yonhap afirmam que dois novos tipos de mísseis balísticos foram mostrados durante o desfile militar, bem como os já conhecidos mísseis Pukkuksong, capazes de atingir alvos a 1000 quilómetros de distância.

Ao longo desta semana, especulou-se que o regime norte-coreano poderia aproveitar este dia para realizar um novo ensaio atómico, o sexto, o que representaria um desafio quer às ameaças directas dos Estados Unidos, quer à pressão que desde há muito a comunidade internacional vem exercendo sobre Pyongyang para que abandone o seu programa nuclear.

Esta semana, recorde-se, a Administração Trump deixou no ar a possibilidade de uma intervenção militar. “Se a China decidir ajudar, isso seria óptimo. Se não, resolveremos o problema sem ela”, afirmou na quinta-feira o Presidente norte-americano, numa altura em que já tinha ordenado que o porta-aviões USS Carl Vinson abandonasse a rota prevista em direcção à Austrália e invertesse rumo para a península coreana. “Vamos enviar uma armada. Muito poderosa”, disse Trump à Fox Business Network. “Ele [Kim Jong-un] está a fazer a coisa errada. Está a cometer um grande erro”, advertiu. 

Na sexta-feira, a notícia avançada pela NBC News sobre planos para um ataque militar preventivo não foi cabalmente desmentida pelo Pentágono. 

Já os vizinhos asiáticos de Pyongyang revelam preocupação e ultimam planos de contingência. Sexta-feira, o ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi, alertou que o “um conflito pode deflagrar a qualquer momento” e que será impossível alguém sair vencedor de uma possível guerra na região. No mesmo dia, Yoshihide Suga, que ocupa no Governo japonês o cargo equivalente ao do ministro português da Presidência, declarou em conferência de imprensa que Tóquio está em “contacto próximo com os Estados Unidos e a Coreia do Sul”. Suga adiantou que, além de recorrer à diplomacia para instar a Coreia do Norte para que esta se abstenha de “acções provocatórias" e que "cumpra as relevantes resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas”, o Japão dará “todos os passos necessários” para proteger “a vida dos japoneses e os seus bens”.

Esses "passos" do Japão, escreve a ABC, começaram a ser preparados em Fevereiro, depois do encontro do primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, com Donald Trump, e incluem a retirada de cidadãos nipónicos da Coreia do Sul.

Entretanto, Seul receberá este fim-de-semana o vice-presidente norte-americano Mike Pence, que cumpre uma viagem de 10 dias à Ásia. 

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