Combatentes de Assad começam a quebrar o Daesh em Deir Ezzor

A cidade e a província com o mesmo nome, rica em petróleo, são o último grande prémio dos jihadistas na Síria.

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Grande parte de Deir Ezzor foi destruída nos bombardeamentos Mohamed al-Khalif/Reuters

É a última província nas mãos do Daesh na Síria e esta terça-feira as forças de Bashar al-Assad e dos seus aliados romperam o cerco imposto pelos jihadistas à brigada 137 do Exército sírio, sitiada num enclave em Deir Ezzor há mais de dois anos. Não é ainda a derrota, mas estes avanços assinalam o princípio do fim do controlo do grupo de vastas áreas da província rica em petróleo e da cidade nas margens do Eufrates com o mesmo nome.

Apesar dos avanços rápidos de tanques e tropas, o Daesh ainda controla metade da cidade de Deir Ezzor e grande parte da província. Na Síria, mantém ainda partes da cidade de Raqqa, a noroeste, onde enfrenta a ofensiva norte-americana.

Se estes avanços são uma derrota pesada para o Daesh não são menos uma vitória para Assad. Desde 2013 que a cidade estava separada do território controlado pelo Governo. Primeiro, foi conquistada por grupos da oposição armada; em 2014, estes foram expulsos pelos jihadistas que ocuparam as suas posições e cercaram os militares que ficaram para trás em duas zonas, incluindo um grupo mobilizado numa base aérea dos arredores.

Em Agosto, as Nações Unidas estimavam que ainda vivessem 93 mil civis “em dificuldades extremas” dentro da cidade. Durante o cerco, estas pessoas têm recebido ajuda através de abastecimentos lançados por avião.

O grupo que em 2014 conquistou cidades e províncias da Síria e do Iraque está a ser atacado por quase todos os actores armados presentes no país de Assad. “As nossas forças e aliados, com apoio dos aviões sírios e russos alcançaram a segunda fase da operação no deserto sírio. Conseguiram romper o cerco”, fez saber o Exército sírio.

No terreno há soldados e milícias sírias, combatentes do Hezbollah libanês e, segundo disse à Reuters um responsável da aliança pró-Assad, até o comandante Qassem Soleimani, dos Guardas da Revolução iranianos, está a seguir de perto os combates em Deir Ezzor. Moscovo informou que a ofensiva foi reforçada ainda com mísseis lançados a partir de um navio russo no Mediterrâneo. Ao mesmo tempo, o grupo enfrenta uma aliança de combatentes árabes e curdos sírios liderada pelos Estados Unidos.

Assad deu os parabéns às tropas envolvidas nos últimos avanços e percebe-se que tenha o que celebrar. Há meses que as suas forças, apoiadas pelo Hezbollah, Irão e Rússia, acumulam sucessivos progressos, primeiro em vitórias contra os rebeldes sírios, depois empurrando os combatentes do Daesh para Leste, em direcção ao Iraque.

Do outro lado da fronteira, e depois de terem reconquistado a grande cidade de Mossul, as forças leais a Bagdad acabam de expulsar os jihadistas de Tal Afar, deixando ao Daesh apenas o controlo de uma cidade a norte de Bagdad e de três localidades no deserto fronteiriço com a Síria.

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