Cinco pedidos de desculpa que ficaram na História

Barack Obama não vai pedir desculpa pelo lançamento da bomba atómica sobre Hiroxima e Nagasáqui em 1945. Mas outros chefes de Estado e de Governo pediram perdão por atitudes (e crimes) cometidos pelos seus países.

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Chirac e a verdade sobre os judeus

Foi no dia 16 de Julho de 1995, dois meses depois de tomar posse como Presidente da República francesa, que Jacques Chirac (centro-direita), visitou um memorial judeu e assumiu a responsabilidade francesa na deportação de judeus para os campos de extermínio durante a ocupação nazi (II Guerra Mundial). "A França, a terra do Iluminismo e dos direitos humanos, cometeu nesse dia um erro irreparável. Quebrou a sua palavra, entregou os que mais precisavam de protecção perante os seus carrascos", disse numa cerimónia a assinalar os 53 anos da primeira deportação de judeus de França. Nos 25 anos que se seguiram ao fim da guerra, a posição oficial francesa foi de atribuir à Alemanha nazi toda a responsabilidade pelas deportações. Nos anos que se seguiram, essa culpa foi também atribuída ao regime colaboracionista de Vichy - a tese defendida pelo Presidente anterior, o socialista François Mitterrand, que rejeitou a culpa da França ou dos franceses e acusou apenas o Governo de Vichy dirigido pelo marechal Pétain. Foi "um erro colectivo", assumiu Chirac.

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Jacques Chirac e François Mitterrand DR

Clinton e o duplo pedido de perdão

Em Março de 1998, o Presidente dos Estados Unidos Bill Clinton realizou uma viagem a vários países africanos. Decidiu aproveitá-la para pedir desculpa, não uma mas duas vezes. Por ambas foi criticado. No Uganda, pediu perdão pelo tráfico de escravos — os escravos que chegaram à América não partiram do Uganda mas da costa ocidental de África, disseram os que o criticaram. No Ruanda, pediu desculpa pela inacção do Ocidente perante a violência étnica (entre a maioria hutu e a minoria tutsi) que, em 1994, levou a um genocídio (quase um milhão de pessoas morreram). Aqui, foi criticado por ter falado em nome do mundo quando disse "a comunidade internacional, juntamente com as nações africanas, deve assumir a sua carga de responsabilidade por esta tragédia. Não agimos com a rapidez necessária quando começaram a morrer pessoas".

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Bill Clinton no Ruanda Reuters

Berlusconi e a desculpa de cinco mil milhões

Em Agosto de 2008, o então primeiro-ministro Silvio Berlusconi foi à Líbia pedir desculpa pela colonização italiana que deixou "uma ferida profunda" no país. Fez o seu discurso perante o então líder líbio, Muammar Khadafi, com quem assinou um contrato de investimento italiano no país do Norte de África, no valor de cinco mil milhões de dólares.

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Berlusconi com Khadafi Reuters

Merkel foi a Dachau

Angela Merkel foi a primeira chanceler alemã a visitar o primeiro campo de concentração nazi, em Dachau. No dia 20 de Agosto de 2013, percorreu o recinto, agora memorial, com um sobrevivente. "Este é um momento especial para mim. A memória do destino [das vítimas] deixa-me profundamente entristecida e envergonhada", disse, ignorando as críticas sobre o momento da visita, em plena campanha eleitoral.

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Merkel no campo de concentração de Dachau AFP

Francisco e os índios

Em Julho de 2015, o Papa Francisco visitou a Bolívia e foi ali, ao lado do Presidente Evo Morales, que pediu desculpa pelos "pecados" da Igreja Católica na opressão da América Latina. "Muito dirão, com razão, que quando Papa fala de colonialismo esquece certas acções da Igreja. Eu respondo-lhes: Muitos pecados graves foram cometidos em nome de Deus contra os povos nativos da América. Peço humildemente perdão, não apenas pelas ofensas da Igreja, mas pelos crimes cometidos contra os povos nativos durante a chamada conquista da América", disse. Francisco é o primeiro Papa proveniente da América Latina, é argentino.

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Francisco com Evo Morales Reuters
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