China e EUA suavizam discurso sobre a Coreia do Norte

Os dois países adoptaram um tom menos crispado e garantem que vão trabalhar em conjunto em relação à Coreia do Norte para evitar uma escalada que termine em conflito.

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Tillerson e Wang Yi falam numa aproximação entre China e EUA LUSA/MARK SCHIEFELBEIN / POOL

Depois de meses de tensão entre os EUA e a China, os dois países parecem agora ter suavizado a mensagem e mostram-se empenhados em não contribuir para uma escalada política sobre a política nuclear da Coreia do Norte. O secretário de Estado norte-americano, Rex Tillerson, teve este sábado um encontro com o seu homólogo chinês Wang Yi e os dois responsáveis pela diplomacia dos dois países falaram em trabalharem em conjunto para levarem o país de Kim Jong-un a tomar "um caminho diferente".

Pelo menos nas palavras, houve intenção dos dois lados em manter o diálogo para que se encontre uma solução para o relacionamento com a Coreia do Norte. Rex Tillerson, que esta sexta-feira disse que o conflito militar com os norte-coreanos era uma opção em cima da mesa, baixou o tom depois do encontro com o homólogo chinês. "Partilhamos uma visão comum e a ideia de que as tensões na península estão agora muito elevadas e que as coisas atingiram um nível muito perigoso. E comprometemo-nos a fazer tudo para que consigamos prevenir qualquer tipo de conflito", disse no final da conversa com Wang Yi, citado pela Reuters.

O responsável pela diplomacia norte-americana contou que os dois países acordaram em trabalhar em conjunto para que a Coreia do Norte emende o caminho e se "afaste do desenvolvimento de armas nucleares". 

A avaliar pela reacção dos dois governantes, a reunião, pelo menos, não terá corrido tão mal nem sido tão tensa quanto se esperava, depois dos incidentes diplomáticos entre os dois países desde que Donald Trump é Presidente dos EUA. Wang Yi descreveu o encontro como "sincero, pragmático e produtivo" e deixou a vontade do lado da China.

"Temos de permanecer comprometidos com os meios diplomáticos como uma forma de conseguir uma solução pacífica", disse, acrescentando depois que os dois países querem encontrar meios para retomar as conversações sobre o assunto. "Nenhum de nós está pronto para desistir da esperança de paz", defendeu lembrando a resolução das Nações Unidas que impõe sanções económicas.

Antes do encontro, a Administração de Trump defendia que a China poderia fazer mais nas conversas com a Coreia do Norte. Pequim tenta preservar um difícil equilíbrio. O grande objectivo estratégico é impedir qualquer foco de instabilidade na Coreia do Norte, encarado como um "tampão" entre o seu território e o da Coreia do Sul, que considera hostil.

Esta aproximação discursiva entre Washington e Pequim pode culminar num encontro entre Xi Jinping, o Presidente chinês, e Donald Trump, no próximo mês. O responsável chinês pelos Negócios Estrangeiros diz que estão em conversas sobre essa possibilidade

A visita a Pequim faz parte do périplo pela Ásia do secretário de Estado norte-americano para medir o pulso de vários países sobre a política nuclear da Coreia do Norte. Tillerson esteve no Japão, na Coreia do Sul e por fim na China.

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