Pequim: "A teoria da responsabilidade da China" sobre a Coreia do Norte tem de parar
Governo de Pequim diz que não tem contribuído para o aumento da tensão com Pyongyang e que, enquanto tem tentado apagar as chamas, "outros" deitam gasolina para a fogueira.
O Governo chinês rejeitou nesta terça-feira aquilo que chama de “teoria da responsabilidade da China” relativamente à crise nuclear da Coreia do Norte e que tem sido pública, e reiteradamente, defendida por Donald Trump.
Depois de vários ensaios de mísseis balísticos nos últimos meses, e especialmente depois de confirmado o lançamento de um míssil intercontinental capaz de atingir o Alasca e algumas partes da Costa Oeste dos Estados Unidos, Trump tem repetidamente pedido a Pequim que reforce a pressão sobre Pyongyang para colocar um ponto final no seu programa nuclear, defendendo que a China pode fazer mais e que não se está a esforçar o suficiente.
Agora, questionado sobre a matéria, o porta-voz do ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Geng Shuang, afirmou que a China não tem contribuído para o aumento da tensão e que a solução para o assunto não reside apenas em Pequim: “Recentemente, certas pessoas, a falar sobre o problema nuclear na Península Coreana, têm exagerado e dado destaque à chamada ‘teoria da responsabilidade da China’”, referiu Geng, citado pela Reuters, sem nunca referir de quem falava. “Penso que isto ou mostra falta de um total e correcto conhecimento sobre o assunto, ou que existem segundas intenções para tentar alterar a responsabilidade”, atirou ainda o responsável chinês.
“Pedir a outros para fazer o trabalho e não fazer nada não é correcto”, continua ainda Geng. “Ser apunhalado pelas costas não é correcto”.
Apesar das críticas de Washington, Pequim tem avançado para medidas nunca antes vistas para conter a ameaça de um dos seus principais aliados e parceiros comerciais. Por exemplo, em Fevereiro de 2016, votou favoravelmente uma resolução da ONU que aplicava fortes sanções contra o regime de Kim Jong-un, e suspendeu ainda a importação do carvão – uma das principais fontes de rendimento norte-coreana.
Em sentido contrário, Pequim não viu com bons olhos os exercícios militares realizados em conjunto por norte-americanos e sul-coreanos, bem como a colocação de um sistema antimíssil na Coreia do Sul por parte dos EUA. A insatisfação aumentou ainda mais quando Washington aplicou sanções contra empresas e indivíduos chineses pelos acordos e relações comerciais com Pyongyang. Tudo isto serve de mote a Pequim para dizer que, enquanto tenta apagar as chamas, há “outros” que deitam gasolina.
Outra das situações que pode ter levado o responsável chinês a dizer que o país foi “apunhalado pelas costas”, foi a venda de armas, no valor de 1,42 mil milhões de dólares, a Taiwan, algo que irritou as autoridades e Governo de Pequim.
Assim, conclui Geng, a "teoria da responsabilidade da China" tem de parar.