Mais de cem detidos num protesto contra Putin em Moscovo

A manifestação foi organizada pelo movimento Open Russia e mostra o desagrado com o domínio de Putin há quase duas décadas.

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Várias centenas da oposição saíram às ruas apelando à saída de Putin do sistema político russo Reuters/TATYANA MAKEYEVA
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Algumas centenas de russos juntaram-se neste sábado na zona central de Moscovo para recolher as últimas assinaturas numa petição que apela à demissão do Presidente russo Vladimir Putin e entregar o documento no Kremlin. De acordo com o movimento Open Russia – que organizou o evento – foram detidas mais de cem pessoas durante a manifestação.

A oposição de Putin manifestou-se de forma pacífica, esperando em fila até à entrega da petição no gabinete da administração presidencial russa, sob vigilância atenta da polícia de intervenção que controlou a zona com recurso a grades de ferro. Outros protestos idênticos aconteceram noutras cidades do país, como São Petersburgo ou Tula. 

"Estamos fartos dele" é a frase forte deste protesto em Moscovo, organizado pelo movimento Open Russia criado por Mikhail Khodorkovskli – que já foi um dos homens mais ricos da Rússia e passou uma década na prisão por fraude, ainda que tenha referido que a sua detenção tenha tido motivos políticos; é, agora, um crítico do governo russo.

Não se sabe se Putin – que domina a política russa há cerca de 17 anos – se voltará a candidatar ao cargo, nas eleições presidenciais de Março de 2018. Mas foi devido à possibilidade de uma nova candidatura de Putin que muitos saíram neste sábado à rua em protesto.

“Nada de positivo aconteceu no nosso país sob domínio dele [Putin]. Tenho a sensação de que as coisas estão a ficar piores e que o principal problema é o facto de os que estão no poder serem os mesmos”, disse à Reuters uma rapariga de 16 anos que estava na fila à espera para entregar a petição contra a reeleição do Presidente do Kremlin. Anna mostra a sua preferência pelo político da oposição Alexei Navalni, que, no mês passado, passou 15 dias na prisão por ter organizado os protestos antigovernamentais de maior dimensão desde 2012 – e que culminaram em mais de mil detenções.

Apesar de o protesto deste sábado ter tido dimensões mais modestas, a polícia de intervenção estava no local. De acordo com a agência de notícias Interfax, estiveram presentes em Moscovo cerca de 250 pessoas. Já Maria Baronova, uma activista do movimento Open Russia, referiu que houve, pelo menos, 500 pessoas envolvidos.

O Kremlin tinha considerando ilegal esta manifestação, pelo que as autoridades agiriam em concordância. Na quinta-feira, a polícia russa fez buscas no departamento do movimento Open Russia e os activistas referem que a polícia apreendeu cerca de cem mil formulários de petição em branco que seriam entregues a quem quisesse subscrever o documento que exige a saída de cena de Putin.  

Ainda na sexta-feira, o canal de televisão russa REN TV, exibiu um documentário sobre os activistas do Open Russia, acusando alguns deles de terem registo criminal, de serem toxicodependentes ou de terem ligações com o governo norte-americano.

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