CASA-CE quer ser a chave para "geringonça angolana" no próximo Governo

Coligação liderada por Abel Chivukuvuku é actualmente a segunda maior força da oposição, depois da UNITA.

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Estima-se que a CASA-CE terá mais votos do que em 2012, quando elegeu oito deputados MANUEL DE ALMEIDA / LUSA

O cabeça-de-lista da CASA-CE às eleições gerais angolanas de quarta-feira, Abel Chivukuvuku, mostrou-se este domingo convicto de que aquela força será, pelo menos, parte do novo Governo, não excluindo uma "coligação à angolana" com UNITA ou MPLA.

"Nós já anunciamos no ano passado que a CASA-CE tem probabilidade de ser Governo. Se não for Governo, no mínimo vai ser parte do Governo", afirmou Abel Chivukuvuku, confrontado pelos jornalistas com a disponibilidade já demonstrada pelo presidente e candidato da União para a Independência Total de Angola (UNITA), Isaías Samakuva, para um entendimento pós-eleitoral.

"Por Angola, pela mudança, temos que ter todas as portas abertas", admitiu Chivukuvuku, classificando esse hipotético entendimento como uma "gerigonça angolana".

O líder daquela coligação, actualmente segunda maior força da oposição, falava aos jornalistas à margem do comício de encerramento da campanha da Convergência Ampla de Salvação de Angola - Coligação Eleitora (CASA-CE) em Luanda, que concentra desde as primeiras horas da manhã milhares de apoiantes no centro da capital angolana.

A possibilidade de entendimento pós-eleitoral com o partido no poder em Angola desde 1975 também não é totalmente colocada de parte por Abel Chivukuvuku, cabeça-de-lista da CASA-CE e candidato à eleição, indirecta, para Presidente da República de Angola. "Com este MPLA não, tinha de ser um MPLA diferente", disse.

Por sua a vez, o cabeça-de-lista do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), João Lourenço, tem vindo a repetir os apelos ao voto e à conquista de uma maioria qualificada nestas eleições, afirmando que aquele partido é o único que pode garantir a estabilidade em Angola.

O presidente da UNITA, Isaías Samakuva, disse na quinta-feira, à agência Lusa, acreditar ser possível replicar em Angola uma solução governativa semelhante à "geringonça" em Portugal, entre PS, PCP e Bloco de Esquerda.

O cabeça-de-lista da UNITA às eleições gerais de Angola admitiu uma coligação pós-eleitoral com os partidos da oposição, nomeadamente a CASA-CE, "se as condições e as circunstâncias" o exigirem.

"Desde que as condições, as circunstâncias no momento nos forcem a isso, não hesitaremos", disse Isaías Samakuva.

O presidente e candidato do maior partido da oposição angolana assumiu que esta é uma proposta inspirada, em certa medida, pela solução encontrada em Portugal entre o PS, o PCP e o Bloco de Esquerda (com acordos separados a possibilitar a governação do segundo partido mais votado nas eleições de 2015, o PS).

"Penso que poderei dizer que sim, porque antes de acontecer em Portugal ninguém falava disso. Antes de acontecer em Portugal ninguém falava dessa fórmula. Quando aconteceu em Portugal parece que as pessoas despertaram para uma realidade de que afinal é possível", explicou à Lusa, após a acção junto dos militantes.

"Se chegarmos à posição de Portugal - na qual os partidos da esquerda juntos foram capazes de formar uma maioria - nós poderemos fazê-lo. O essencial é afastar o MPLA", completou.

Angola vai realizar eleições gerais a 23 de agosto deste ano, às quais concorrem o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), Convergência Ampla de Salvação de Angola - Coligação Eleitoral (CASA-CE), Partido de Renovação Social (PRS), Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA) e Aliança Patriótica Nacional (APN).

A Comissão Nacional Eleitoral de Angola constituiu 12.512 assembleias de voto, que incluem 25.873 mesas de voto, algumas a serem instaladas em escolas e em tendas por todo o país, com o escrutínio centralizado nas capitais de província e em Luanda, estando 9.317.294 eleitores em condições de votar.

A Constituição angolana aprovada em 2010 prevê a realização de eleições gerais a cada cinco anos, elegendo 130 deputados pelo círculo nacional e mais cinco deputados pelos círculos eleitorais de cada uma das 18 províncias do país (total de 90).

O cabeça-de-lista pelo círculo nacional do partido ou coligação de partidos mais votado é automaticamente eleito Presidente da República e chefe do executivo, conforme define a Constituição, moldes em que já decorreram as eleições gerais de 2012.

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