Campanha republicana em sobressalto com polémicas de Donald Trump

Campanha do milionário nega desorganização e divisões internas, mas semana desastrosa está a deixar o partido à beira de um ataque de nervos.

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As declarações de Donald Trump estão a incendiar a campanha presidencial REUTERS/Eric Thayer

O candidato republicano à Casa Branca, Donald Trump, procurou esta quarta-feira afastar o espectro da crise, desorganização e desentendimentos na sua campanha, com uma mensagem no Twitter em que dizia não se lembrar de “uma unidade tão grande” e um “apoio tão tremendo” à sua candidatura desde que se lançou na corrida presidencial. “Vamos derrotar a desonesta Hillary!”, afiançou aos seus apoiantes.

As garantias do candidato tornaram-se necessárias perante o volume de críticas contra si, vindas não da oposição mas de dirigentes do Partido Republicano que, segundo relatos da imprensa norte-americano, estavam “furiosos” com o comportamento de Donald Trump nos últimos dias – alegadamente, o comité nacional republicano já estará a traçar cenários para a eventualidade de a campanha do magnata do imobiliário se auto-destruir, avançou a ABC News.

Mas a mensagem de confiança no Twitter não convenceu: horas mais tarde, foi preciso o director da campanha do multimilionário, Paul Manafort, repetir em entrevista à Fox News que a candidatura está “unida”, “organizada” e a avançar “de forma muito positiva”, numa tentativa de contrariar as notícias que davam conta de uma nova vaga de revolta partidária depois de Trump se ter recusado a apoiar publicamente a reeleição do speaker do Congresso, Paul Ryan, e do senador John McCain.

Os dois tinham-se distanciado das declarações de Trump na sua mais recente controvérsia, com a família Khan: Khizr e Ghazala, o pai e a mãe de um capitão do Exército norte-americano morto em 2004 na guerra do Iraque, que estiveram presentes na convenção do Partido Democrata e denunciaram as políticas do concorrente republicano de combate ao terrorismo através da proibição de entrada de muçulmanos nos EUA. A resposta de Donald Trump às críticas dos Khan, que são imigrantes e muçulmanos, deu origem a um verdadeiro furacão político – e segundo vários jornais, expôs a desorganização da campanha do republicano, que terá ignorado as recomendações dos seus conselheiros para deixar de atacar os Khan e pôr fim à polémica que estava a intensificar a divisão no partido.

As notícias da discórdia no seio da equipa de Trump foram desvalorizadas pelo ex-director da candidatura, Corey Lewandowski, que numa entrevista à CNN sublinhou que na campanha todos estão dispostos a “atravessar arame farpado e mastigar vidro” se isso for preciso para eleger o magnata.

Mais desastroso para a campanha republicana, as afirmações polémicas de Trump levaram já várias figuras do partido a trocar de lado e a declarar o seu apoio à eleição da democrata Hillary Clinton para a Presidência dos EUA. O congressista conservador de Nova Iorque, Richard Hanna, foi o primeiro eleito do Partido Republicano a anunciar que vai votar em Clinton, por considerar que Donald Trump “não está apto a dirigir o país”. Essas foram as palavras usadas pelo Presidente Barack Obama, que considerou que o milionário não tem os conhecimentos, nem o temperamento, para exercer o cargo.

Depois de as conselheiras das campanhas dos governadores Jeb Bush e Chris Christie terem denunciado Trump, a executiva da gigante Hewlett Packard, Meg Whitman, também tornou público o seu apoio a Hillary Clinton. Whitman, que concorreu a governadora da Califórnia pelo Partido Republicano, em 2010, é uma das principais financiadoras das campanhas conservadoras.

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