Bolívia quer conhecer responsáveis por incidente com avião do Presidente

França, Itália, Espanha e Portugal são os países visados. Apoiantes de Morales defendem expulsão dos embaixadores destes países e a revisão dos contratos com as suas empresas.

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Morales teve de permanecer 13 horas em Viena à espera que fosse desenhado outro plano de voo David Mercado/Reuters

O Presidente da Bolívia, Evo Morales, exigiu saber quem são os responsáveis pelos incidentes que levaram a que o seu avião fosse impedido de aterrar em vários países europeus por suspeitas de transportar Edward Snowden.

Numa reunião com apoiantes perto de Cochabamba, o Presidente debateu no sábado a decisão de França, Itália, Espanha e Portugal de não permitir que o avião aterrasse ou sobrevoasse o território, considerando que isso “obrigou a um debate profundo” sobre os “problemas de carácter político e diplomático” que a decisão acarretou.

Morales teve de permanecer 13 horas em Viena à espera que fosse desenhado outro plano de voo quando alguns países impediram que o seu avião sobrevoasse ou aterrasse em território nacional, o que motivou um forte protesto por parte da Bolívia e alguns pedidos de desculpa, como no caso de Espanha, ou “uma palavra de reparação”, para usar as palavras que a diplomacia portuguesa escolheu para analisar o sucedido.

No caso de Portugal, o avião de Morales acabou por sobrevoar o território, mas não lhe foi dada autorização para aterrar. O ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas, justificou a decisão com "considerações técnicas", mas deu a entender que a posição foi motivada por suspeitas de que Snowden – que os Estados Unidos querem ver extraditado –, estivesse a bordo.

Para o presidente boliviano, as acções destes quatro países foram motivadas pelos Estados Unidos, que pretendem a extradição do ex-consultor dos serviços secretos norte-americanos, Edward Snowden, acusado de divulgar informações dos programas secretos de vigilância de registos telefónicos e comunicações na Internet a partir de agências do Governo.

As autoridades bolivianas têm mantido reuniões com apoiantes do Presidente, nomeadamente sindicalistas, que pretendem a expulsão dos embaixadores destes países e a revisão dos contratos com empresas dos países envolvidos neste incidente diplomático, de acordo com a agência EFE.

Na semana passada, os quatro países do Mercosul – Brasil, Argentina, Uruguai e Venezuela – decidiram chamar para consultas os seus embaixadores nos países europeus que criaram dificuldades à passagem do avião do Presidente da Bolívia. A decisão de chamar os embaixadores foi a resposta diplomática da XV Cimeira do Mercosul. No comunicado conjunto, os países que integram o mercado comum de países sul-americanos manifestaram o seu "firme repúdio" pelas acções dos governos europeus, por "não permitirem o sobrevoo nem a aterragem da aeronave".

A extradição de Edward Snowden, que está na área de trânsito do aeroporto de Moscovo desde 23 de Junho, é exigida pelos Estados Unidos, que o acusam de violar a sua lei de espionagem. Segundo um advogado russo que tem mantido contacto com o ex-consultor dos serviços secretos norte-americanos, este terá pedido asilo temporário à Rússia, o que lhe dá o direito de permanecer pelo menos mais três meses no país, enquanto o pedido é apreciado.

 

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