Ataque terrorista faz parar o coração de Londres

Cinco mortos no "incidente terrorista", incluindo o atacante, diz a polícia. “Este é um dia para o qual nos preparámos, mas esperámos que nunca acontecesse.”

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Um dos pontos mais visitados e reconhecíveis de Londres – a ponte de Westminster, o edifício do Parlamento, centro da vida democrática do país, e a sua icónica torre do Big Ben, símbolo da cidade para fora – foi nesta quarta-feira alvo de um ataque que a polícia classificou como terrorista.

No exacto dia do aniversário dos atentados de Bruxelas, um homem usou um carro para atropelar várias pessoas ao longo da ponte, que costuma estar cheia de transeuntes e turistas, e depois de chocar contra a vedação do Parlamento, saiu, virou a esquina e esfaqueou um polícia à entrada do complexo, matando-o, antes de ser morto a tiro por outro polícia.

Morreram ainda outras três pessoas atropeladas na ponte, e entre os 40 feridos havia vários em estado considerado crítico. Entre os feridos está um cidadão português, Francisco Lopes, de 26 anos, que disse à TVI ter levado seis pontos na perna esquerda e três na mão esquerda. 

Três alunos de um liceu francês que faziam uma visita de estudo a Londres estão também feridos, dois deles com gravidade, confirmou o ministro francês dos Negócios Estrangeiros, Bernard Cazeneuve. O seu homólogo da Roménia informou que entre os feridos estão dois cidadãos romenos.

“Este é um dia para o qual nos preparámos, mas esperámos que nunca acontecesse. Infelizmente é agora uma realidade”, disse o vice-comissário da polícia, Mark Rowley, responsável pelo contraterrorismo, numa conferência de imprensa. A polícia disse desde muito cedo que até informação em contrário, o ataque seria tratado como um “incidente terrorista”.

Tudo começou por volta das 14h40, e rapidamente se percebeu a gravidade. O Parlamento ficou imediatamente em lockdown, fechado, sem ninguém poder entrar ou sair de onde estava. Pouco depois, o gabinete da primeira-ministra anuncia que Theresa May estava no edifício na altura do ataque, tendo sido imediatamente levada para Downing Street, ali perto.

Televisões começaram a mostrar imagens do local em directo. Na ponte viam-se corpos por terra. A polícia apelou de imediato a quem tivesse imagens que as partilhasse com a polícia (e não nas redes sociais).

A roda gigante London Eye ficou parada durante quase uma hora, cumprindo o protocolo de segurança. Do cimo, turistas viram o frenesim dos socorros e depois a estranha acalmia.

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Uma mulher foi retirada com vida do rio Tamisa, mas com ferimentos graves. Não era claro o que lhe tinha acontecido: se fora atirada para fora da ponte pela força do impacto, se ela própria se atirou.

"Atirámo-nos para o chão"

No Parlamento continuaram fechados, durante horas, políticos, jornalistas e visitantes, muitos publicando no Twitter relatos diferentes: uns ouviram tiros, outros pensaram ouvir uma explosão. O responsável do Governo britânico para o "Brexit", David Davies, estava no edifício do Parlamento, e deixou um testemunho à BBC: “Estava na zona onde aconteceu o incidente. Ouvimos tiros. Atirámo-nos para o chão”, contou. “Ouvi os tiros e pensei: ‘Isto não pode estar a acontecer’. Estava atrás de um pilar e pensei: vou arriscar e correr daqui para fora”.

Os políticos acabaram por ser levados para a Abadia de Westminster enquanto a polícia revistava o edifício do Parlamento sala a sala. Só pouco antes das 20h é que começaram a sair do local.

Todo o processo foi lento, com a polícia a questionar cerca de mil pessoas no local, e havia especulação sobre a suspeita de um engenho explosivo fora do Parlamento.

Ainda sem serem conhecidos detalhes sobre o autor do atentado, o Conselho Muçulmano do Reino Unido condenou a acção. “Estamos chocados e tristes com este incidente em Westminster. Condenamos este ataque e se ainda é muito cedo para especular sobre os motivos, os nossos pensamentos e orações estão com as vítimas e com os que foram afectados”, disse o organismo em comunicado. “O Palácio de Westminster é o centro da nossa democracia e temos todos de nos assegurar que continua a servir o nosso país e o povo em segurança.” 

O presidente da Câmara de Londres, Sadiq Khan, garantia no Twitter que “os londrinos nunca se deixarão intimidar pelo terrorismo”.

Depois de ter presidido a uma reunião do comité de segurança do Governo, conhecido como Cobra, Theresa May disse não ser um acaso que o alvo tenha sido o Parlamento, símbolo da “democracia, liberdade, Estado de Direito”. “Por isso é um alvo para os que rejeitam esses valores”, declarou. “Mas qualquer tentativa de derrotar esses valores através de violência e terror está condenada ao falhanço. Amanhã [esta quinta-feira] de manhã, o Parlamento irá reunir-se como habitualmente.”

Ruas "estranhamente calmas"

A jornalista do New York Times Rukmini Callimachi‏, especialista no grupo jihadista Daesh, diz que o ataque tem a marca desta organização islamista: um carro lançado contra pessoas, num dia de aniversário de outro atentado. Se for de facto uma acção do grupo, seria a primeira vez que conseguiria atacar o Reino Unido.

“Este é um dos grandes enigmas dos estudos de terrorismo”, aponta Callimachi. “Um dos maiores fornecedores de combatentes do ISIS [Daesh] foi a Inglaterra, só a França está à sua frente”. Um dos mais conhecidos elementos do grupo, “Jihadi John” - que decapitou o jornalista americano James Foley - aparecia em vídeos do Daesh com o seu sotaque britânico. Mas há informação de que o grupo “tem dificuldade em recrutar para ataques no Reino Unido”.

O ataque de Londres não foi logo reivindicado, o que não é raro acontecer com este grupo, que só costuma reivindicar quando o atacante morre, sublinha Callimachi.

Enquanto havia sinais de um lento avanço para alguma normalidade – a estação de metro de Westminster, que tinha sido fechada, abriu parcialmente, por exemplo; o Parlamento anunciou que iria funcionar em pleno quinta-feira – a polícia deixou um aviso: “A nossa resposta vai durar algum tempo porque é importante que juntemos todas as provas”. 

“Estão estranhamente calmas”, disse uma jornalista da BBC Radio 5 sobre as ruas de Westminster ao final da tarde. “Essencialmente, o coração de Londres deixou de bater”.

Notícia actualizada às 22h42: número de mortos subiu para cinco e de feridos para 40.

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