Ataque suicida mata 45 sírios junto à Turquia

Carro armadilhado explode perto de Al-Bab, o último bastião do Daesh na província de Alepo, de onde os jihadistas tinham acabado de ser expulsos.

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Cidade de de Al-Bab, norte da Síria Reuters/KHALIL ASHAWI

Uma viatura armadilhada explodiu nesta sexta-feira de manhã num controlo de estrada numa vila perto da cidade de Al-Bab, no Norte da Síria, matando pelo menos 45 pessoas.

Há semanas que rebeldes sírios apoiados por forças turcas tentavam reconquistar Al-Bab, que fica a 30 quilómetros da fronteira com a Turquia. Na quinta-feira, as forças da oposição a Bashar al-Assad que combatem o Daesh anunciaram ter conseguido expulsar dali os jihadistas. Tratava-se do último bastião dos radicais na província de Alepo.

O checkpoint atacado estava cheio de civis. Fica na vila de Sousian, 10 km a nordeste de Al-Bab, e era gerido pelo Exército Livre da Síria (o primeiro grupo armado a nascer entre a oposição a Bashar al-Assad, formado por desertores do Exército e civis).

“Um grande número de civis estava reunido em redor do checkpoint” quando se deu a explosão, diz Andrew Simmons, jornalista da Al-Jazira que se encontra em Gaziantep, no lado turco da fronteira. “Pode haver membros do Exército Livre da Síria entre as vítimas também”. Para além dos 45 mortos confirmados, há dezenas de feridos, dizem responsáveis médicos citados pelas agências de notícias.

De acordo com o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (ONG ligada à oposição com uma vasta rede de activistas e médicos no terreno), os civis tinham-se dirigido ao local para pedir autorização para reentrar em Al-Bab, agora que a cidade estava livre dos radicais.

“Anunciamos a libertação total da cidade de Al-Bab e procedemos à desminagem dos bairros residenciais”, dissera na quinta-feira Ahmad Ohtman, chefe da brigada Sultão Murad, um dos três grupos envolvidos nos combates ao Daesh. Pouco depois, morriam vários combatentes sírios apoiados pela Turquia quando uma mina explodiu na cidade.

“O alvo foi um checkpoint, mas havia lá muitas famílias à espera para poderem regressar a casa. Temos muitos civis entre as vítimas”, confirmou à Reuters um combatente do Exército Livre da Síria mobilizado perto de Al-Bab, membro da mesma brigada de Ohtman. “Ainda há muitas células [jihadistas] dentro de Al-Bab”, diz este rebelde. “É muito perigoso. As nossas operações de limpeza ainda prosseguem.”

A Turquia decidiu em Agosto do ano passado lançar uma incursão terrestre na Síria para afastar os jihadistas do seu território, ao mesmo tempo que quer impedir os curdos sírios de terem continuidade territorial entre as várias zonas que controlam na fronteira. Escolheu como seu principal aliado o Exército Livre da Síria por este ser essencialmente constituído por árabes sunitas.

Este atentado enquadra-se na lógica do Daesh: de cada vez que perde território na Síria ou no Iraque, o grupo tem lançado mortíferos ataques suicidas, quase sempre visando as populações civis.

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