O estado norte-americano do Arkansas aplicou a injecção letal a mais dois homens: Jack Jones e Marcel Williams, ambos condenados a pena de morte pelos crimes de violação e homicídio nos anos 90, foram executados, tendo protagonizado assim a primeira dupla execução dos últimos 17 anos nos Estados Unidos.

Na quinta-feira, tinha sido a vez do prisioneiro Ledell Lee receber o cocktail de letal. Com mais estas duas execuções, o estado do Arkansas fica mais próximo do anunciado objectivo de executar oito dos seus 34 condenados à morte até ao fim do mês, com o argumento de que as reservas de uma das drogas usadas – o midazolam – acabam no fim de Abril. É que os estados que têm a pena de morte têm enfrentado problemas para comprar os fármacos utilizados, dada a resistência das empresas farmacêuticas em fornecer produtos destinados à execução de prisioneiros. 

Os prisioneiros executados nesta segunda-feira viram o Supremo Tribunal rejeitar o seu apelo de última hora, tal como acontecera, de resto, com Ledell Lee. Os advogados de Jones tinham alegado que ele sofreria uma “morte tortuosa” porque ele seria resistente ao midazolam, ao passo que os representantes de Marcel Williams haviam argumentado que, devido ao seu peso, a rondar os 180 quilos, seria difícil ao carrasco encontrar-lhe uma veia.

Williams fora condenado em 1997 pelo rapto, violação e homicídio de Stacy Errickson, além de ter raptado e violado outras duas mulheres. A sua execução chegou a estar suspensa por alguns minutos, com os seus advogados a alegarem que a execução imediatamente anterior, a de Jones, fora inumana, já que este teria permanecido vivo mais de cinco minutos decorridos desde que lhe fora aplicada a injecção que deveria tê-lo deixado inconsciente. Esta versão viria, porém, a ser desmentida por pessoas que assistiram à execução.

De acordo com as mesmas testemunhas, citadas pela BBC, Jones terá aproveitado as suas últimas palavras para pedir desculpa à rapariga que quase matou. Ele tinha sido condenado em 1996 por ter violado e estrangulado uma mulher chamada Mary Phillips e por a seguir ter tentado matar a sua filha, então com apenas 11 anos.

Dos oito condenados que o governador do Arkansas, Asa Hutchinson, se propusera executar até ao fim de Abril, quatro conseguiram ver a sua morte adiada por determinação judicial.

Dos 31 estados norte-americanos que aplicam a pena de morte, o Arkansas ganhou a reputação de ser o primeiro estado a executar tantos prisioneiros em tão poucos dias, o que tem suscitado a indignação das organizações de defesa dos direitos humanos mas também de antigos guardas-prisionais, para quem as execuções podem ter consequências graves para o bem-estar daqueles profissionais.