Encontrado sob o gelo mais um homem desaparecido há décadas nos Alpes

Com o recuo do gelo nos glaciaresl há corpos que estão a ficar expostos. Antes tinham sido encontrados um casal suíço e dois soldados austríacos da Primeira Guerra Mundial.

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A zona onde o montanhista alemão desapareceu, em 1987 LUSA/CANTON WALLIS POLICE/HANDOUT

O aquecimento global leva o gelo a derreter na zona dos Alpes e, de repente, começam a surgir corpos de gente que estava desaparecida há anos. O caso mais recente aconteceu na semana passada, quando dois alpinistas descobriram, por acaso, o cadáver de um homem alemão que estava desaparecido desde a década de 80, na zona sudoeste da Suíça. A polícia helvética admite que, nos próximos tempos, o número de cadáveres expostos possa aumentar.

Os dois alpinistas viram primeiro uma mão e dois sapatos à superfície do gelo no glaciar de Hohlaub, a dez quilómetros da famosa montanha suíça Matterhorn. Chamadas as autoridades, uma equipa de socorro demorou duas horas a libertar o corpo do gelo, encontrando ainda um relógio de pulso de prata e um anel.

O cadáver foi levado de helicóptero para Berna e foi aí que os peritos forenses descobriram, através de uma análise de ADN, que o corpo é de um cidadão alemão, nascido em 1943, que tinha desaparecido a 11 de Agosto de 1987, segundo noticia o Guardian. O porta-voz da polícia do cantão de Valais, Markus Rieder, afirmou que a família da vítima tinha sido notificada do achado, acrescenta o canal ABC News. A identificação dos corpos é feita através de análises à dentição e ao ADN (que são comparadas com as dos familiares).

Escreve o Guardian que, desde 1850, a área ocupada por glaciares em solo suíço diminui em metade: passou de 1735 quilómetros quadrados para 890 quilómetros quadrados — e cerca de 300 pessoas continuam ainda desaparecidas desde 1925. “Os glaciares estão a recuar, portanto é lógico que continuemos a encontrar mais corpos e mais fragmentos de corpos. Nos próximos anos, acreditamos que mais casos de desaparecimentos ficarão resolvidos”, adiantou ao Guardian o porta-voz da polícia do cantão de Valais, Christian Zuber. O aparecimento dos corpos é importante para as famílias, diz Zuber, pois passam a ter uma “garantia absoluta” de que os seus familiares morreram nas montanhas.

Dois soldados da I Grande Guerra

A descoberta do alpinista alemão acontece cerca de uma semana depois de ter sido encontrado um casal suíço que estava desaparecido há 75 anos na zona dos Alpes, também no cantão de Valais. Os corpos pertenciam a Marcelin e Francine Dumoulin, pais de sete filhos, que tinham ido tratar dos animais em 1942 e nunca regressaram. “Passámos a vida inteira à procura deles”, disse a filha mais nova do casal, agora com 79 anos, citada pelo Le Matin, adiantando que finalmente lhes poderia dar o funeral que merecem.

“Os corpos estavam lado a lado. Era um homem e uma mulher que tinham roupas do período da Segunda Guerra Mundial”, disse Bernhard Tschannen, o director da Glacier 3000, a empresa que opera os elevadores de esqui no local. “Estavam perfeitamente conservados no glaciar e os seus pertences estavam intactos”, acrescentou ainda. Ao Tribune de Genéve, Tschannen explicou que os dois deverão ter caído num precipício “onde ficaram durante décadas”. “Com o recuar do glaciar, os corpos ficaram expostos”, afirma.

 Já em Janeiro, o Telegraph tinha noticiado que o degelo nos glaciares nos Alpes em Itália – mais concretamente na comuna italiana de Peio – revelou corpos de soldados da Primeira Guerra Mundial, a maior parte mumificados. Dois dos corpos encontrados pertenciam a soldados austríacos e ambos tinham marcas deixadas pelas balas nos crânios. “Parecem contemporâneos. Saem do gelo tal e qual como entraram”, contou ao Telegraph o arqueólogo Franco Nicolis.

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