Campanha em Angola chega ao fim depois de percorrer milhares de quilómetros

As actividades políticas dos candidatos terminam nesta segunda-feira. As eleições gerais estão marcadas para dia 23 de Agosto, próxima quarta-feira.

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LUSA/MANUEL DE ALMEIDA

Os candidatos às eleições gerais angolanas de quarta-feira terminam esta segunda-feira um mês de campanha, com milhares de quilómetros percorridos, uma breve aparição de José Eduardo dos Santos e as possíveis coligações em destaque.

O cabeça de lista e presidente da UNITA, Isaías Samakuva, é esperado pela manhã desta segunda-feira em Luanda, para o encerramento da campanha do maior partido da oposição, depois de domingo ter estado em comício no Cuando Cubango, sul do país, a mais de 1000 quilómetros de distância.

Antes, numa acção de campanha em Benguela, o candidato da UNITA afirmou à Lusa que acredita ser possível replicar em Angola uma solução governativa semelhante à "geringonça" em Portugal, nomeadamente uma coligação pós-eleitoral com a CASA-CE, a segunda força política da oposição nas eleições de 2012.

"Desde que as condições, as circunstâncias no momento nos forcem a isso, não hesitaremos", disse Isaías Samakuva. O encerramento da campanha do MPLA, partido no poder desde 1975 e que apresentou a máquina mais organizada das seis forças concorrentes, aconteceu sábado, com o último ato de massas, nos arredores de Luanda, momento em que, durante poucos minutos, José Eduardo dos Santos, presidente do partido e chefe de Estado há 38 anos, surge no palco principal ao lado do candidato à sua sucessão, João Lourenço.

"Eu venho até aqui apenas para reiterar o meu apoio pessoal ao nosso candidato. Eu não tenho dúvidas que o MPLA vai ganhar as eleições. E ele, o nosso candidato, será eleito o próximo Presidente da República de Angola", afirmou José Eduardo dos Santos, sem nunca referir o nome de João Lourenço e ausentando-se do local do comício logo de seguida, não esperando pela intervenção do cabeça de lista.

Ainda assim, a presença do líder do MPLA serviu para animar um comício que, segundo a organização, contou com 350.000 pessoas. "Isto demonstra que o capitão da equipa nunca esteve ausente, comandou-a sempre e daí a razão do retumbante êxito que esta campanha conhece", afirmou João Lourenço.

Mais de uma semana antes, em Malanje, a cerca de 400 quilómetros de distância, o candidato que tenta prolongar o MPLA no poder em Angola arriscou o pedido: "Os angolanos vão-nos dar essa maioria qualificada que nós necessitamos", disse João Lourenço.

Depois de juntar no domingo milhares de apoiantes no centro de Luanda, Abel Chivukuvuku fecha esta segunda-feira a campanha eleitoral da coligação CASA-CE na província do Zaire, a 400 quilómetros, depois de ter assumido a convicção de que aquela força será, pelo menos, parte do novo Governo, não excluindo uma coligação com UNITA ou MPLA.

"Nós já anunciamos no ano passado que a CASA-CE tem probabilidade de ser Governo. Se não for Governo, no mínimo vai ser parte do Governo", afirmou no domingo, no fecho da campanha em Luanda, Abel Chivukuvuku, confrontado pelos jornalistas com a disponibilidade já demonstrada pelo presidente e candidato UNITA para um entendimento pós-eleitoral.

"Por Angola, pela mudança, temos que por todas as portas abertas", admitiu Chivukuvuku, classificando esse hipotético entendimento como uma "gerigonça angolana". A possibilidade de entendimento pós-eleitoral com o partido no poder em Angola desde 1975 também não é totalmente colocada de parte por Abel Chivukuvuku, cabeça de lista da CASA-CE e candidato à eleição, indirecta, para Presidente da República de Angola.

"Com este MPLA não, tinha de ser um MPLA diferente", disse.

Na terça-feira não realizam actividades políticas, por ser dia de reflexão, que antecede as eleições gerais de 23 de Agosto, às quais concorrem o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), Convergência Ampla de Salvação de Angola — Coligação Eleitoral (CASA-CE), Partido de Renovação Social (PRS), Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA) e Aliança Patriótica Nacional (APN).

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