Grécia exclui hipótese de ceder a sua soberania orçamental à UE

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Alemanha quer controlar de perto o orçamento da Grécia John MacDougall/AFP

A Grécia rejeita a hipótese de ceder a sua soberania orçamental à União Europeia, segundo uma proposta da Alemanha neste sentido, que terá sido apresentada aos países da zona euro.

“Há efectivamente uma nota informal que foi apresentada ao Eurogrupo” para a “colocação sobre controlo europeu permanente o orçamento da Grécia”, mas “a Grécia nem sequer discute essa eventualidade, fica excluída qualquer aceitação, essas competências pertencem à soberania nacional”, indicaram fontes governamentais gregas, citadas pela agência noticiosa AFP.

"Há discussões e propostas no seio da zona euro, incluindo uma proposta da Alemanha” para se “reforçar o controlo dos programas e das medidas in loco”, tinha avançado há algumas horas uma fonte europeia não identificada, confirmando uma informação anteriormente avançada pelo jornal “Financial Times”.

“Uma perícia externa in loco poderia ser conduzida pelas instituições europeias, que deveriam igualmente ter certos poderes de decisão”, indicava a mesma fonte.

Segundo pacote poderá custar 145 mil milhões

Entretanto, o semanário alemão “Der Spiegel” noticia hoje que a troika estima em 145 mil milhões de euros o custo do segundo pacote de resgate grego, mais 15 mil milhões do que o valor acordado no final de Outubro.

O aumento do montante, em relação aos 130 mil milhões decididos em Outubro, deve-se a um agravamento da situação económica grega, acrescenta o jornal, que cita cálculos internos da troika resultantes das últimas avaliações após o seu regresso a Atenas, esta semana.

A troika - que inclui o Banco Central Europeu, a Comissão Europeia e o Fundo Monetário Internacional - considera que a diferença não será assegurada apenas pelos credores privados, mas deverá implicar também os Estados-membros da UE.

A Grécia e a banca privada negoceiam em Atenas o perdão da dívida à Grécia e, segundo fontes de ambos os lados, houve progressos importantes com vista a um acordo.

O próprio comissário europeu dos Assuntos Económicos e Monetários, Olli Rehn, disse em Davos - onde decorre o Fórum Económico Mundial - que o acordo poderá acontecer este fim-de-semana.

Também em Davos, o presidente do Instituto Internacional de Finanças (IIF), que representa os bancos, advertiu que não vê margem para negociação para além da última oferta lançada pelos credores.

“O sector privado já pôs sobre a mesa uma oferta atractiva. O que estamos dispostos a assumir implica uma perda de quase 70%, o que já é demasiado”, disse Josef Ackermann, citado pela televisão alemã n-tv.O responsável referia-se às perdas que os credores privados assumirão, não só ao perdoar 50% da dívida grega, mas também considerando a redução de ganhos futuros ao reduzir o valor dos títulos.

Notícia actualizada às 19h39
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