Aleksandar Vucic renova a maioria absoluta na Sérvia

Primeiro-ministro conquista mandato para prosseguir negociações para adesão à União Europeia. Forças nacionalistas de regresso ao Parlamento de Belgrado

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Aleksandar Vucic assegurou uma nova maioria para o seu Partido Progressista de centro-direita REUTERS/Marko Djurica

A aposta eleitoral e política de Aleksander Vucic pagou os dividendos pretendidos: a votação legislativa antecipada em dois anos na Sérvia garantiu a reeleição do primeiro-ministro e deu-lhe a maioria absoluta que pediu para modernizar o país e conduzir o processo de adesão à União Europeia. Mas a votação também reabriu a porta do Parlamento de Belgrado às forças ultra-nacionalistas do Partido Radical Sérvio, fundado pelo académico suspeito de crimes de guerra Vojislav Sesejl.

Com 98% dos votos escrutinados, estavam mais do que confirmadas as previsões de uma nova vitória de Vucic e do seu Partido Progressista de centro-direita, que conquistou os mesmos  48% dos votos que obteve em 2014 mas apenas 131 dos 250 lugares no Parlamento (perdeu 27 assentos com a entrada de novas formações na assembleia). Em segundo, com 11%, ficou o Partido Socialista de Ivica Dacic – que liderou as negociações para a normalização das relações com o Kosovo. Os analistas acreditam que os socialistas voltarão a dar respaldo ao Governo de Vucic, participando numa nova coligação.

Tanto Vucic como Dacic, um nacionalista e um membro do partido formado por Slobodan Milosevic, respectivamente, reconheceram os “erros” do passado recente da Sérvia e exprimiram o seu arrependimento pelas posições mantidas durante o período conturbado de guerra nos Balcãs. Actualmente, os dois defendem as políticas de austeridade lançadas pelo anterior executivo e o acesso do país ao clube europeu de Bruxelas.

Pelo contrário, Vojislav Sesejl, que foi julgado por crimes de guerra pelo Tribunal Internacional de Haia, e absolvido no mês passado, continua a defender a causa da chamada “Grande Sérvia” que junta partes da Bósnia e Croácia. Depois de alcançar 8% dos votos no domingo, Sesejl converteu-se no líder da oposição no país: contra a União Europeia e a Nato e a favor de uma aproximação à Rússia.

Em declarações à BBC, o fundador do novo partido Esquerda Sérvia, Boirko Stefanovic, desvalorizou as preocupações com o regresso dos radicais de extrema-direita ao Parlamento, e enumerou a “pobreza, desemprego e falta de perspectivas para a juventude” como as verdadeiras ameaças ao futuro da Sérvia.

O Conselho Fiscal da Sérvia, nomeado pelo Governo para supervisionar as contas públicas, advertiu esta segunda-feira para a necessidade de manter as políticas de redução do défice orçamental e de ajustamento da despesa pública, que passam, por exemplo, pela eliminação de 30 mil empregos na função pública. Segundo frisou o chefe daquele conselho, Pavle Petrovic, sem as reformas económicas prometidas pelo primeiro-ministro, a Sérvia não conseguirá cumprir os critérios para receber um empréstimo de 1,2 mil milhões de euros do Fundo Monetário Internacional, e para avançar no processo de adesão à União Europeia.

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