Adolescente queimada viva no Paquistão por se casar com o homem que amava

Zeenat Bibi voltou para casa da família depois da promessa de uma verdadeira festa de casamento. Foi assassinada com querosene.

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O local onde Zeenat Bibi foi morta, em Lahore ARIF ALI/AFP

Uma mulher paquistanesa queimou a filha viva, porque a adolescente, de 16 anos, se casou sem a sua permissão com o homem que escolheu, anunciou a polícia do Paquistão, um país onde os chamados “crimes de honra” são frequentes.

"Perveen Bibi matou a filha, Zeenat Bibi, queimando-a viva, esta quarta-feira pelas 9h da manhã [na cidade de Lahore]", disse à AFP Haidar Ashraf, um alto funcionário da polícia local.

A 29 de Maio, a  adolescente casara-se com um homem identificado como Hasan. Este é terceiro crime deste género cometido no Paquistão nos últimos meses.

Na semana passada, uma jovem de 19 anos, Maria Sadaqat, foi torturada e queimada por um grupo de pessoas numa povoação nas proximidades da capital, Islamabad, por se ter recusado a casar-se com o filho do seu antigo patrão.

Em Abril, no Noroeste do país, outra jovem rapariga foi assassinada e o seu corpo queimado por habitantes da sua povoação que reprovaram o facto de ter ajudado uma amiga a fugir com o homem que amava.

O marido de Zeenat Bibi explicou a uma televisão paquistanesa, a Geo News, que os dois tinham fugido, por saberem que a decisão de se casarem não seria bem recebida. A família, porém, prometeu à rapariga que, se regressasse, seria perdoada, não lhe fariam mal.

"Depois do casamento, vivemos juntos quatro dias. A seguir, a família dela contactou-nos. Prometeram que nos organizariam uma festa de casamento daqui a uma semana e que depois podíamos viver juntos”, explicou Hasan.

"Zeenat não queria voltar para casa da família, disse-me que seria morta. Mas aceitou voltar depois de um tio assegurar que ela estaria em segurança.”

Haidar Ashraf, representante da polícia, adiantou que os membros da família confessaram o crime e que a polícia encontrou querosene no local do crime.

Todos os anos, no Paquistão, centenas de mulheres são mortas pelos seus familiares sob o pretexto de defenderem a “honra” familiar.

O primeiro-ministro, Nawaz Sharif, comprometeu-se a erradicar "o mal" dos crimes de honra, mas nenhuma nova legislação foi adoptada.

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