Abu Salem condenado a prisão perpétua por atentados de 1993 em Bombaim

Cidadão indiano foi detido em Portugal e extraditado em 2005. Outros dois arguidos foram condenados a pena de morte por envolvimento no mais mortífero atentado em solo indiano.

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Abu Salem rodeado de agentes da polícia indiana, em 2007 Reuters/KRISHNENDU HALDER

Abu Salem, o cidadão indiano extraditado por Portugal em 2005, foi condenado nesta quinta-feira a prisão perpétua por envolvimento nos ataques à bomba de 1993 em Bombaim, que resultaram na morte de 257 pessoas. Outros dois arguidos foram condenados à pena capital.

Salem, detido em 2002 em Lisboa e condenado a quatro anos e meio de prisão por, entre outros crimes, uso de documentação falsa, foi entregue às autoridades indianas três anos mais tarde, na condição de não vir a ser condenado à morte ou a prisão perpétua. A promessa de Nova Deli acabou por ser quebrada em 2015, quando o indiano foi condenado a prisão perpétua por autoria moral do homicídio de um empresário da área musical e cinematrográfica, já depois de o Supremo Tribunal português ter decidido, a pedido da sua defesa, revogar a extradição – algo que nunca chegou a concretizar-se.

Esta quinta-feira, Salem foi condenado juntamente com Karimulla Khan a passar o resto dos seus dias na prisão por envolvimento nos mais mortíferos ataques em solo indiano. Outros dois arguidos, Firoz Khan e Tahir Merchant, foram condenados à pena capital, enquanto Riyaz Siddiqui foi condenado a dez anos de prisão – um sexto arguido morreu entretanto na prisão por paragem cardíaca, adianta a BBC.

Em Junho, um tribunal de Bombaim tinha considerado o grupo culpado de envolvimento nas 12 explosões que abalaram a cidade em 1993, provocando 257 mortos e centenas de feridos. O atentado terá sido ordenado por Dawood Ibrahim, o fugitivo mais procurado pelas autoridades indianas, numa suposta retaliação pela destruição da histórica mesquita de Babri, durante motins protagonizados por radicais hindus, no ano anterior no Norte da Índia.

Abu Salem, que se afirma inocente, acabaria por fugir do país com a namorada, a estrela de cinema indiano Monica Bedi, tendo viajado por vários países até acabar por ser detido em Portugal. Em Janeiro, aquando da visita do primeiro-ministro português António Costa à Índia, o seu advogado em Portugal, Manuel Luís Ferreira, admitia recorrer ao Tribunal Europeu dos Direitos Humanos contra o Estado português por não ter efectuado as diligências necessárias à sua devolução.

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