A política da pizza: ananás e esparguete podem custar votos?

Não é o único caso em que o político foi associado a desarmonias no que toca a pizzas: já houve quem fosse criticado por comer a pizza com talheres e um Presidente que disse, na brincadeira, que o ananás nas pizzas devia ser proibido.

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A pizza caseira do primeiro-ministro neozelandês DR

O primeiro-ministro neozelandês Bill English partilhou na segunda-feira no Facebook uma fotografia de uma pizza que tinha feito em casa. Até aqui, isto não seria notícia - ou não fosse a partilha de imagens de feitos (e desastres) culinários um dos clichés das redes sociais. No entanto, a publicação despertou a atenção dos kiwis porque esta não era uma pizza qualquer: tinha tomate, bacon, ananás e… esparguete enlatado. E esta não é a primeira vez que as duvidosas escolhas dos políticos em matéria de pizza geram controvérsia: o Presidente da Islândia e com o mayor de Nova Iorque também já protagonizaram "escândalos" semelhantes.

Mas retornemos a Bill English. Com a descrição “Fiz o jantar para a família na noite passada – faz like se concordas com esparguete enlatado na pizza”, a publicação teve mais de nove mil reacções e quase dois mil comentários com uma grande variedade de opiniões.

Houve quem concordasse, quem já tivesse experimentado, quem achasse bizarro e quem discordasse por completo. Houve quem brincasse que iria alterar o seu voto perante a experiência culinária do primeiro-ministro. E a presença do ananás era tão repudiada quanto a do esparguete enlatado: "Nunca votarei em ninguém que ponha ananás na pizza", lê-se num dos comentários. 

Foi precisamente a presença (ou ausência) de ananás na pizza que fez com que o Presidente islandês fosse obrigado a fazer um esclarecimento sobre a sua opinião. Em Fevereiro, Guoni Th. Johánnesson visitou uma escola secundária em Akureyri, no norte da ilha, onde os alunos lhe puderam colocar todo o tipo de questões, como qual a equipa de futebol preferida do chefe de Estado (sem formações de destaque no país nórdico, a escolha do Presidente foi o Manchester United).

A polémica surgiria no entanto quando um dos estudantes islandeses perguntou ao Presidente qual era a sua opinião sobre a presença de ananás na pizza. Citado pelo The Guardian, Johánnesson disse que se “opunha firmemente à pizza com ananás” e disse ainda que, se tivesse o poder para o fazer, aprovaria uma lei que proibisse a presença do fruto naquela iguaria de origem italiana.

A controvérsia estendeu-se a outros países, com a hashtag #PineappleOnPizza (AnanásNaPizza em inglês) a tornar-se num dos assuntos mais destacados por aqueles dias no Twitter. O Presidente da Islândia decidiu, assim, fazer um comunicado na sua página oficial do Facebook a esclarecer a sua posição.

“Eu gosto de ananás, só não gosto na pizza. Não tenho o poder para fazer leis que proíbam as pessoas de pôr ananás na sua pizza. Fico contente por não ser detentor de tal poder. Não quereria ter essa posição em que poderia aceitar leis que proíbam coisas de que não gosto. Não gostaria de viver num país assim”

O chefe de Estado islandês é conhecido pelo seu estilo informal e foi também o primeiro Presidente no mundo a participar numa marcha gay, explica o The Guardian. Anteriormente, também já tinha sido “apanhado” a levar uma pizza no seu trajecto do trabalho para casa.

Já em 2014, o mayor de Nova Iorque, Bill de Blasio, foi notícia no The New York Times depois de ser visto a comer pizza com garfo e faca num restaurante nova-iorquino. Apesar de não soar assim tão estranho em Portugal – sobretudo em restaurantes – é prática recorrente comer-se com as mãos na cidade norte-americana, independentemente do quão recheada ou gordurenta possa estar a pizza. O contrário, aliás, é que pode ser visto como algo impróprio em Nova Iorque.

O mayor – cuja mãe é italiana – defendeu-se ao explicar que estava a ser fiel às suas raízes italianas: “Na minha pátria ancestral, é típico comer-se com garfo e faca”, disse de Blasio ao The New York Times. Ainda assim, a sua ida ao restaurante Goodfellas foi apelidada como um “desastre” ou mesmo uma “blasfémia”. 

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