A "Menina Sem Medo" fica em Wall Street pelo menos até 2018

A estátua inaugurada no Dia Internacional das Mulheres pode deixar de ter morada provisória e tornar-se num símbolo permanente da luta contra a discriminação de género.

Foto
A estátua de uma menina com ar desafiador foi instalada em pleno bairro financeiro de Nova Iorque para assinalar o Dia Internacional das Mulheres LUSA/JUSTIN LANE

A estátua da “Menina Sem Medo”, que enfrenta a escultura do "Touro de Wall Street”, em Nova Iorque, conquistou legiões de fãs em apenas três semanas - e vai agora ter a sua estadia na baixa de Manhattan prolongada por mais 11 meses.

A figura de bronze de uma menina com as mãos na cintura e ar desafiador, de apenas 127 centímetros de altura, foi instalada em pleno bairro financeiro para marcar o Dia Internacional das Mulheres e apelar a uma maior inclusão das mulheres no sector da banca e do investimento - que, tal como tantos outros, continua a ser dominado pelo sexo masculino.

Da autoria da artista Kristen Visbal, a obra foi encomendada pela gestora de investimentos State Street Global Advisors (SSGA) como parte de uma campanha para aumentar a diversidade de género nos negócios, chamando a atenção para a desigualdade nas remunerações entre homens e mulheres no sector financeiro. De acordo com a SSGA, 25% das três mil maiores empresas norte-americanas não têm mulheres entre os seus directores.

Depois de pelo menos duas petições, da atenção generosa da imprensa e de conquistar fãs nas redes sociais, o mayor de Nova Iorque, Bill de Blasio, e o autarca do borough (bairro) de Manhattan, Gale Brewer, anunciaram nesta segunda-feira que a cidade vai prolongar até Fevereiro de 2018 o contrato que permite à “Menina Sem Medo” ("Fearless Girl", no nome original em inglês) continuar a enfrentar o touro de Wall Street, também conhecido como “Charging Bull”. 

“Ela tornou-se de facto numa parte importante da comunidade de Nova Iorque”, disse Carolyn Maloney, deputada estadual democrata. “Toda a gente vê os seus próprios sonhos e aspirações na força desta menina", considera.

Os fãs pretendem agora convencer o mayor Bill de Blasio a deixar a “Menina Destemida” a encarar permanentemente o “Touro de Wall Street”, que por sua vez foi erguido para simbolizar a força económica dos EUA, mas que também é visto como um símbolo das características (nem sempre positivas) de Wall Street e do sexo masculino.

“A importância de dar mais poder às mulheres não é temporária, e não é algo que possa durar apenas 11 meses”, afirmou à Reuters Letitia James, a Advogada Pública da Cidade de Nova Iorque. “É algo que precisa tornar-se permanente", defendeu.

Entre os que se opõem à permanência da estátua estão o próprio escultor do “Touro de Wall Street”, Arturo Di Modica. "Aquilo não é um símbolo! É um truque de publicidade", afirmou na semana passada ao site de notícias financeiras MarketWatch.

Sugerir correcção
Comentar