A malta de armas

Pobres Estados Unidos da América! Afinal não é o Reino Unido que vai a reboque da special relationship com os EUA. George Bush é que era o poodle de Tony Blair. Desde o fiasco de Suez em 1956 tínhamos ficado com a impressão que os EUA eram um superpoder que mais ou menos fazia o que queria, por ser grande e rico e bem armado.

Mas não. John Kerry veio chorar em público, culpando o mau do David Cameron que “foi ao Parlamento” à procura de apoio para bombardear a Síria. E que fez o Parlamento? Foi mau porque, como já se sabia (“Guess what?” na expressão do carismático Kerry), o Parlamento votou contra.

Por causa disso o pobre Obama que, como já se sabe, não gosta de fazer nada por iniciativa própria, sem obter primeiro o mais largo consenso, foi obrigado a ir pedir licença ao Congresso para fazer o que ele já tinha prometido: bombardear a Síria caso o regime de Assad pisasse o risco vermelho, que era usar armas químicas.

Como sempre acontece, o Congresso dos EUA, dominado por republicanos difíceis e anglófilos, foi influenciado pelo Parlamento britânico e proibiu Obama de fazer a right thing.

A culpa verdadeira, porém, não foi do Parlamento britânico, notoriamente anti-americano desde a independência dos EUA. Foi do conservador David Cameron por ter sido fraco e indeciso. Porque é que ele não declarou logo guerra à Síria? Se assim tivesse feito Obama teria sido o primeiro a segui-lo, estando inclusivamente preparado para passar por cima do Congresso, se preciso fosse.

Pois sim.

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