A guerra na Síria e os trunfos da Rússia

O mundo anda, decididamente, às avessas. Enquanto a NATO foi enviada para o Mar Egeu para travar o tráfico de refugiados (ou seja, para conter o fluxo dos que por ali se aventuram rumo à Europa), a Rússia propõe, com toda a desfaçatez, um cessar-fogo na Síria... mas para Março. Dispensam-se grandes explicações, já a proposta tem por detrás um fito: até essa data, e à velocidade a que decorrem bombardeamentos e o avanço de tropas no terreno, já os rebeldes anti-Assad terão sido aniquilados ou, pelo menos, totalmente neutralizados. Não é um cessar-fogo por razões humanitárias, mas sim uma proposta calculista de modo a garantir uma vitória do regime sírio (e da Rússia, sua aliada) antes de se iniciarem negociações. Que serão decerto mais fáceis, porque não haverá interlocutores incómodos. Não é por acaso que Medvedev acena com o perigo de uma “nova guerra mundial” se tão indecoroso cenário não funcionar.

 

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