Família da mulher mais pesada do mundo acusa médicos de mentirem por publicidade

Terá uma mulher egípcia que chegou a ter 500 quilos perdido metade do peso? Um hospital indiano diz que a cirurgia foi um sucesso, mas a família conta outra história.

Foto
Uma das imagens divulgadas pelo hospital indiano para desmentir as acusações da família de Eman, que nega o sucesso da cirurgia. DR

A mulher mais pesada do mundo, que chegou a ter 500 quilos, perdeu 240 quilos após a aplicação cirúrgica de uma banda gástrica. Ou será que não? De acordo com os médicos que trataram Eman Ahmed, a operação realizada em Bombaim, na índia, foi um sucesso. No entanto, a família da paciente discorda da avaliação e acusa a equipa médica de mentir sobre os resultados. Afinal, qual é o verdadeiro estado de saúde da egípcia?

Eman Ahmed Abdelaty tem 36 anos e vive em Alexandria, no Egipto. De acordo com a família, Ahmed nasceu com cinco quilos e com um linfedema (uma acumulação de linfa, um fluído corporal, nos tecidos moles do corpo, habitualmente num braço ou numa perna). Aos 11 anos, Eman Ahmed sofreu um acidente vascular-cerebral (AVC). Desde então, nunca mais conseguiu voltar a sair de casa, escreve o The Guardian

Cerca de 500 quilos fizeram de Eman a mulher mais pesada do mundo, mas também alguém com problemas de saúde potencialmente fatais. Assim, em Fevereiro, foi transportada de avião para Bombaim por um dos mais conhecidos cirurgiões bariátricos indianos, Muffazal Lakdawala, de modo a iniciar tratamento. Na semana passada, o hospital Saifee, em Bombaim, divulgou dois vídeos com uma Eman sorridente e sentada na cama.

No comunicado que acompanhava os vídeos, a equipa médica registava progressos. "Eman já perdeu aproximadamente metade do peso com que chegou à Índia, durante um período de pouco mais de dois meses. Como consequência, a maior parte dos problemas relacionados com a obesidade, como hipertiroidismo, linfedema, deficiência do lado direito do coração, doença respiratória obstructiva crónica, falha renal e congestão do fígado, apresentam melhorias e estão sob controlo, apesar de ainda ser necessária medicação para este problemas”, citava o Mumbai Mirror.

O conflito entre o médico que liderou a operação, Muffazal Lakdawala, e a família de Ahmed começou depois de o cirurgião ter afirmado que a mulher perdera mais de 240 quilos, durante uma cerimónia de entrega de prémios da área da Medicina na qual o clínico foi homenageado.

Em resposta ao comunicado do hospital Saifee e às declarações de Lakdawala, a irmã de Eman, Shaimaa Selim, publicou um vídeo no Facebook onde acusava os médicos de terem mentido sobre a dimensão da perda de peso e dizia que Ahmed ficou “destruída” por causa do tratamento. “Desde a cirurgia que ela não tem conseguido falar, está ligada a um tubo de alimentação, (…) não se consegue mexer, tem um aspecto azulado, sem qualquer tipo de melhoria”, disse Shaimaa Selim, citada pelo The Guardian. No mesmo vídeo, a irmã de Eman afirmou ainda que a equipa médica “só quer saber de publicidade e de aparecer nos jornais”.

A equipa médica respondeu entretanto às acusações através das redes sociais, divulgando fotos de escalas que dizem comprovar o peso actual de 170 quilos da egípcia. Na sua conta de Twitter, o médico Muffazal Lakdawala disse que, apesar das palavras de Shaimaa Selim, continuaria a tratar Eman e a rezar pela mesma.

No dia 24 de Abril, toda a equipa médica, à excepção de Lakdawala, demitiu-se e apontou as acusações da família de Eman como justificação. “O que aconteceu é muito triste”, disse Aparna Bhasker, cirurgiã bariátrica chefe do hospital Saifee. “Estamos profundamente magoados. Isto é o pior tipo de ataque que um médico pode enfrentar. Um ataque nem sempre precisa de ser físico. Ao demitir-me da equipa estou a protestar contra esta forma de ataque”, explicou.

Em declarações ao India Today, a médica acusou os familiares da paciente de estarem desagradados com a alta de Eman e de não quererem voltar a Alexandria, no Egipto. “Eles querem mantê-la aqui. Nós poderíamos tê-la ajudado, mas esta não é a melhor maneira de conseguirem isso”, afirmou Bhasker ao India Today.

Entretanto, a polémica levou à criação do movimento #SaveEman (Salvem a Eman, em português) nas redes sociais. 

Sugerir correcção
Comentar