Onze refugiados sírios mortos junto à costa da Turquia

A rota do Mar Egeu estava praticamente fechada. Erdogan disse que vai rever todos os acordos com a UE, entre eles o que trava a passagem de refugiados e migrantes.

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Sobrevivente do naufrágio Reuters

Cinco crianças estão entre os 11 refugiados sírios que morreram no naufrágio do bote de borracha em que viajavam no Mar Egeu. É o primeiro naufrágio deste ano numa rota de entrada de refugiados e migrantes na União Europeia que tem estado fechada, desde que entrou em vigor um acordo entre o Governo de Ancara e Bruxelas.

Os corpos deram à costa em Kusadasi, na Turquia. O bote com 22 sírios dirigia-se para a Grécia.

Onze pessoas foram resgatadas com vida do mar, entre elas um bebé que está em estado crítico, segundo a agência turca Dogan, que cita o governador da região de Kusadasi, Muammer Aksoy.

A Dogan diz que dois turcos foram detidos por suspeita de terem organizado a viagem.

Há um ano que a rota do Mar Egeu estava praticamente fechada, depois de ter entrado em vigor o acordo entre a UE e a Turquia destinado a travar a imigração ilegal. O número de chegadas à Grécia diminuiu consideravelmente, mas ainda há quem tente a travessia.

Mais de 3620 pessoas chegaram à Grécia este ano, idas da Turquia, segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados. Em 2016, 173 mil sírios entraram na Grécia por esta rota.

A deterioração das relações entre a Turquia e a Europa ameaça o acordo, segundo o qual o Governo de Ancara se comprometeu a controlar esta migração a troco de ajuda financeira e da promessa de aceleração das negociações com vista à sua adesão ao grupo de Bruxelas. O processo não estava suspenso, mas estava congelado.

A crise dos comícios – Alemanha e Holanda proibiram a realização de encontros entre governantes e cidadãos turcos, que visavam promover o referendo de 16 de Abril destinado a criar na Turquia um sistema presidencialista – afastou ainda mais as duas partes. A UE tinha tecido críticas duras ao Presidente Recep Erdogan, acusando-o de ter entrado numa deriva autoritária, que acelerou depois do golpe de Estado falhado de Julho de 2016, a que se seguiu a neutralização da oposição (com milhares de despedimentos e prisões entre juízes, professores, funcionários públicos e militares).

Erdogan disse que está a considerar reintroduzir no país a pena de morte. O presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Junker, disse que a Turquia nunca será membro da UE se isso acontecer.

Numa entrevista na quinta-feira, o Presidente turco sugeriu que a ruptura com a União Europeia pode estar para breve. À CNN turca, Erdogan disse que depois do referendo vai rever os acordos com Bruxelas "de A a Z", entre eles o que controla a passagem de refugiados e migrantes.

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