Passámos pela Rua de S. Miguel, em Lisboa, por volta das três da tarde desta sexta-feira. Para onde quer que olhássemos, as decorações denunciavam a época festiva. Alfama ganha vida em Junho, este mês tão atarefado mas tão alegre, e quem o disse foi Maria Alice, que a essa hora já andava de um lado para o outro nos preparativos para a noite de Santos Populares. “Durante a noite, deixamos tudo dentro dos balcões, que é para não nos levarem nada. As máquinas das cervejas, os barris, os bancos e as mesas. Estamos agora a tirar tudo de lá de dentro, para ficarmos com o balcão livre. Já me vieram trazer o carvão e vou agora buscar os tomates, os pepinos e as alfaces, que encomendei logo de manhã. O caldo-verde já está ao lume e daqui a nada vou fazer o arroz doce." Mas a Tia Alice, como se pode ler na placa que identifica a sua banca, não trabalha sozinha. "As minhas filhas, entretanto, chegam do trabalho, começam elas a fazer as saladas. O trabalho tem de ser dividido por todos. É a minha mãe, sou eu, são as minhas filhas, é o meu filho, os meus genros… Toda a gente trabalha aqui”. É assim desde dia 1 de Junho, o primeiro dia de festa, e assim será até dia 30, o último.

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