Pode uma guerrilha T-Rex salvar o mundo do apocalipse climático?

Os criadores Miguel Fragata e Inês Barahona estreiam esta quinta-feira, no Teatro LU.CA, em Lisboa, o espetáculo O Estado do Mundo (Quando Acordas) para pôr as crianças a pensar sobre alterações climáticas. E como podem agir. 

No Verão deste ano, enquanto pesquisavam para este espectáculo, Miguel Fragata e Inês Barahona congelaram perante uma pergunta da filha mais velha, de 10 anos: "Será que eu vou poder ser mãe, ter filhos?" A crise climática parecia-lhe demasiado pesada, insolucionável. Os pais, fundadores da companhia teatral Formiga Atómica, estavam às voltas com a construção do espectáculo e encontraram nas palavras da filha inspiração para a ideia forte de O Estado do Mundo (Quando Acordas): é na tomada de consciência que reside o poder (e a esperança) para mudar.

Em palco do Teatro LU.CA, o actor Edi Gaspar protagoniza um monólogo acompanhado de uma esfera gigante. Um meteorito, que é também um planeta, da autoria do cenógrafo Eric da Costa. Ao lado, um tela de projecção circular que permite ver em detalhe - através de uma câmara de filmar operada por Edi - todas as miniaturas que darão corpo às grandes catástrofes ambientais: desmatamento da Amazónia, o mar de plástico na Malásia, a poluição atmosférica na China, entre outras. É no jogo entre a pequena e a grande escala, entre o individual e o colectivo, que se podem, afinal, pôr em marcha as mudanças.

Um T-Rex surge então como símbolo da guerrilha para a qual se convocam as crianças de todo o mundo. Um animal extinto, fascinante para todas elas, independentemente da sua origem. Um símbolo que apela à união.

O meteorito de braços articulados vai abrindo pequenas partes para revelar diferentes geografias, protagonizados por crianças, que são o rosto destes problemas. São elas as afectados pela crise climática, mas também podem ser elas a solução. 

"De que forma é que nós poderíamos trabalhar este tema tão difícil sem fazer o que ele faz, sem retirar uma ideia de futuro e de esperança a esta geração.? Nós não podemos ser como a crise climática, temos de ser outra coisa, e essa coisa tem de assentar numa ideia de poder", explica Inês Barahona, autora do texto, ao PÚBLICO.

Num tempo “avariado” é preciso “olhar para o passado para que tudo bata certo no futuro”, lança o actor na abertura do espectáculo. A missão é de todos. 

A par do espectáculo, há uma série de 8 mini-episódios online nas redes sociais do Teatro LU.CA - conversas com especialistas, encontros com artistas, refeições sem desperdício, tutoriais com activistas -  que convidam a "crescer em ativismo, enquanto se decresce em consumismo".