From Freedom to Freedom, ou como dez histórias podem significar “liberdade”

Para celebrar o 9.º aniversário — que se assinalou a 25 de Abril —, o Canal 180 desafiou dez realizadores a mostrarem a sua perspectiva de liberdade. As dez histórias foram agrupadas e resultaram num filme que desconstrói as "narrativas dominantes". 

O que significa ser livre? A pergunta pode ser de difícil resposta em tempos de confinamento. Daniel Brereton brinca: "Durante a pandemia que acontece enquanto escrevo, e em circunstância de isolamento, fazer um filme sobre liberdade parece algo brilhante." E João Diogo Marques ironiza: "A minha casa tem uma grade de aço e eles pediram-me para fazer um filme sobre liberdade."

Daniel e João são dois dos realizadores desafiados pelo Canal 180 que, em jeito de celebração do 9.º aniversário do canal — que se assinalou a 25 de Abril, desafiou realizadores a mostrarem a sua perspectiva sobre a liberdade nos dias de hoje. Até porque este Dia da Liberdade, celebrado de forma diferente, fez-nos repensar o próprio conceito da palavra. 

"Num momento em que os nossos movimentos estão limitados a quatro paredes, conseguimo-nos sentir livres?" A pergunta é lançada no site do Canal 180, numa apresentação do projecto From Freedom to Freedom, o filme colaborativo de cerca de uma hora que compila dez curtas-metragens sobre perspectivas da liberdade "que desafiam as narrativas dominantes". Foram convidados a participar realizadores de diferentes partes do mundo que, das suas casas, dizem o que é ser livres. 

Vasco Mendes, Felipe Ríos Fuentes, Daniel Brereton, João Diogo Marques, Vincent Moon e Priscilla Telmon, Sophy Romvari e Mike Thorn, Nisha Jurairattanaporn, Diana Antunes, Miguel C. Tavares e José Alberto Gomes são os nomes que assinam o filme colaborativo. Cada um mostra a sua própria perspectiva do que é a liberdade, seja através de imagens do passado — como João Diogo Marques faz em Nothing But The Mountains of the Past, onde, "por medo de olhar para o futuro", recorre a imagens de Wim Wenders ou Agnès Varda —, ou imagens do quotidiano, como faz o realizador chileno Felipe Ríos Fuentes, há 35 dias em confinamento e "com muito tempo para pensar". E porque a liberdade pode assumir diversas formas, a realizadora Diana Antunes apresenta uma performance que deixa a pergunta: "Será possível sermos livres quando partes de nós vivem agarradas ao passado?"

O Canal 180 lançou ainda uma série de entrevistas no âmbito do tema da liberdade. What's next, uma série de três episódios, junta contributos de Jacco Gardner, David Wilson, Pauline Foessel, Kovi Konowiecki, Mariana Vilanova, David Quiles Guilló, Elise By Olsen, Helen Job e Albert Folch, para discutir "o que a arte pode fazer por nós (e nós por ela) em tempos de crise". Os nove artistas e agentes culturais discutem e reflectem sobre "como podemos construir o que se segue para a arte e cultura", descreve o Canal 180. Porque, "num momento em que as histórias nos fazem avançar, estas são reflexões do essencial".