Arábia Saudita

Mousa já não sonha ser médico, mas sim sobreviver

Reuters/KHALED ABDULLAH
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Mousa Saleh Munassar tem 14 anos e vive na fundação Al-Shawkani – uma instituição que se dedica ao cuidado das crianças orfãs em Saná, capital do Iémen. Há dois anos, Mousa sonhava em ser médico e ajudar os outros. Com o eclodir da guerra, os sonhos de Mousa – assim como os dos restantes órfãos – passaram a ser só um: sobreviver.

"Vivemos numa sensação de medo constante. Sempre que ouvimos o som do avião, eles [membros de orfanato] levam-nos rapidamente para o porão, receando a nossa segurança", confessou Mousa à agência Reuters. A fundação está situada a cerca de 100 metros da montanha al-Nahdain, uma área onde se acredita existir um depósito de armas e acabando por ser assim repetidamente bombardeada pela coligação saudita.

Antes de a guerra começar, o orfanato costumáva ter cerca de 350 crianças e jovens. Agora, apenas abriga um terço dos órfãos pois a maioria decidiu ir viver com familiares em aldeias remotas, mais afastadas dos bombardeamentos. “Grande parte dos meus amigos deixaram o orfanato", disse Mousa. “Agora, estou sempre à espera que as bombas caiam a qualquer momento”.

À medida que a guerra avança, os órfãos vão-se habituando aos aviões e bombardeamentos à sua volta, mas vivem sempre num estado constante de medo e trauma. Um menino de nove anos, Abdulaziz Badr al-Faisari, disse assustar-se sempre que o edifício treme com os bombardeamentos, mas já assumiu como parte do seu quotidiano. “Não temos para onde ir”, explicou.

Segundo o director do orfanato Muhammad al-Qadhi, a instituição depende da generosidade de privados e associações de caridade. Mas a guerra devastou a economia e desencadeou uma crise humanitária, esgotando os recursos públicos. "Estamos a precisar de ajuda urgente para estes órfãos. Não temos os mesmos recursos que costumávamos ter para eles devido à guerra em curso", afirmou o director.

Os ataques aéreos liderados pela Arábia Saudita atingiram repetidamente hospitais, casas e mercados, mas o governo nega ter atingido civis. A guerra colocou milhões de pessoas na pobreza, deslocou outros milhões e fez mais de dez mil mortos. As crianças nasceram com o peso do colapso do país. “Queremos que a guerra acalme, para que nos possamos sentir seguros outra vez”, confessou Mousa.

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