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“A guerra pode tirar-nos a casa. Mas nunca nos tira o conhecimento”

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Muzoon Almellehan tinha 14 anos quando teve de fugir com a família da sua casa da cidade de Daraa, no sudoeste da Síria. Consigo levou apenas uma mochila pesada com livros. Agora, com 19 anos, é uma activista pela educação e foi exactamente por isso que, a convite da UNICEF, viajou até ao Chade, onde o conflito militar também tem afastado as crianças da escola, sobretudo as raparigas.

“A guerra pode tirar-nos os nossos amigos, a nossa família, os meios de subsistência, a nossa casa. Pode tentar roubar-nos a nossa dignidade e identidade, o amor-próprio e a esperança. Mas nunca nos tira o nosso conhecimento,” afirmou Muzoon, citada num comunicado da UNICEF.

O Fundo das Nações Unidas para a Infância estima que mais de 25 milhões de crianças, com idades entre os 6 e os 15 anos estão fora da escola em zonas de conflitos em 22 países. O número representa 22% das crianças desta faixa etária.

No Sudão do Sul, cerca de 72% das crianças estão privadas de educação ao nível do ensino primário. Em segundo lugar nesta lista surge o Chade (com 50%) e o Afeganistão (com 46%). Segundo a UNICEF, estes países são também aqueles com percentagens de raparigas fora da escola mais elevadas (76% no Sudão do Sul, 55% no Afeganistão, e 53% no Chade).

Ao nível do ensino secundário, os países com as taxas mais altas no que toca às crianças sem acesso a educação são o Níger (68%), o Sudão do Sul (60%) e a República Centro-Africana (55%).

Actualmente Muzoon Almellehan vive com a família em Newcastle, Reino Unido, país que os acolheu em 2015. No final da semana passada visitou com a UNICEF vários locais que ficam na proximidade do Lago Chade, incluindo escolas, campos de refugiados ou hospitais, e acabou por se confrontar com situações com as quais se conseguiu identificar. Num desses casos, encontrou-se com uma rapariga de 16 anos que foi raptada pelo grupo extremista Boko Haram junto à sua escola na Nigéria. Na altura tinha 13 anos e “foi drogada, explorada e abusada durante três anos”, revela a UNICEF. Apesar de tudo, continua a alimentar a esperança de voltar à escola e aprender francês ou inglês, para que possa viajar um dia.

“No Chade, quando me encontrei com crianças que escaparam do Boko Haram lembrei-me da minha própria experiência na Síria. A educação deu-me forma para continuar”, descreve ainda Muzoon. Depois de abandonar o país, a família de Muzoon passou três anos em campos de refugiados na Jordânia, incluindo no enorme campo de Zaatari, no qual percorreu várias tendas tentando convencer os pais de outras raparigas a deixá-las estudar.

A jovem activista, que também é conhecida como a “Malala da Síria”, esteve em salas de aula, saltou à corda e jogou futebol com outras crianças passou ainda algum tempo no Chade com crianças “que estão pela primeira vez a aceder à educação” e com outros activistas pela educação.

Cerca de 4400 crianças fugiram da violência do Boko Haram no nordeste da Nigéria para o Chade, detalha a UNICEF. Ao contrário de Muzoon, que está a continuar os seus estudos numa escola no Reino Unido, grande parte destas crianças continuam sem acesso a educação e “em risco de abuso, exploração e recrutamento por parte das forças e dos grupos armados”. Aquele organização da ONU assegura ainda que “90% das crianças que chegam ao Chade vindas da Nigéria nunca frequentaram a escola”.

Actualmente a UNICEF trabalha em países em conflito de forma a aproximar as crianças da educação “através de programas de recuperação”, “formação de professores”, reabilitação de escolas e distribuição de equipamento e material escolar. No Chade, por exemplo, a UNICEF já entregou material escolar a mais de 58 mil crianças e construiu 151 salas de aula.

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