Etiópia

O Homem Hiena trata estes animais pelo nome próprio

Reuters/TIKSA NEGERI
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Abbas Yusuf não vê qualquer risco naquilo que faz. O Homem Hiena, como o conhecem na cidade etíope de Harar, viu o pai fazer o mesmo durante 45 anos antes de este lhe passar a tarefa, tinha Abbas apenas 13 anos.

Todas as noites, as hienas entram nas muralhas desta cidade secular e vagueiam pelas ruas em busca de restos de carne para depois regressarem às suas cavernas nos arredores de Harar. A família de Abbas foi a escolhida pelos habitantes para realizar a tarefa de alimentar estes animais selvagens.

“As hienas nunca atacaram os habitantes de Harar depois de o meu pai as começar a alimentar”, explica Abbas Yusuf. “A não ser que magoem as crias”, alerta.

“Sou um privilegiado por Deus por ser um bom amigo destes animais incompreendidos”, confessa Abbas, que tem mesmo uma cria de hiena em sua casa, que mantém no seu quarto. “E não tenho qualquer medo de que me ataque durante o sono.”

Chega mesmo a dar-lhes nomes, de acordo com o seu comportamento ou aspecto exterior, como é o caso de Tuqan Dilii e Qallaa (Preguiçosa e Escanzelada, em português). Entretanto, o seu trabalho transformou-se numa atracção turística por si só, numa cidade já bastante procurada por turistas que a visitam pela importância que adquiriu como centro da cultura Islâmica desde a sua fundação no século VII.

Com uma população de 240 mil pessoas, Harar começou a expandir-se para lá das muralhas originais no final do século XIX e hoje em dia à sua volta erguem-se edifícios modernos. As hienas percorrem os caixotes de lixo dentro e fora das muralhas da cidade e chegam a dar à luz as suas crias em valas no centro.

“São uma dádiva da natureza para limpar a cidade que sujamos durante o dia”, afirma Anisa Mohammed, uma vendedora de pão de 32 anos. “Sem elas a cidade estaria muito mais suja”.

Todos os anos desde o século XVI, para marcar o nascimento do profeta Maomé, os habitantes de Harar oferecem papas de aveia misturadas com manteiga e carne de cabra às hienas na Montanha Hakim, um local simbólico no exterior da cidade onde os antigos líderes muçulmanos da cidade se encontram sepultados. Caso as hienas recusem o sacrifício, acredita-se que o país terá um ano com pouca sorte.

Por enquanto, Abbas Yusuf vai continuar a alimentar as hienas diariamente, mantendo esta tradição familiar. “O meu pai está sempre grato por eu ter continuado o bom trabalho que ele iniciou e vou passá-lo aos meus filhos quando for mais velho”, conclui.

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