China

Sangue, zombies e cinema online na China

Reuters/DAMIR SAGOLJ
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No interior de uma fábrica abandonada em Pequim, China, uma mulher corre em direcção a um zombie e enfia-lhe uma faca no peito. “Excelente”, grita Schen Chenyan, que acaba de gravar mais uma cena do seu filme A Era dos Zombies, um thriller apocalíptico que irá ser estreado na Internet.

A procura por vídeos online, tanto de séries como de longas-metragens, abriu a porta a uma nova geração de realizadores, como é o caso de Schen Chenyan, de 27 anos. "A qualidade e a quantidade de filmes online estão a aumentar por isso é o momento ideal para experimentar algumas das minhas ideias e cumprir a ambição de me tornar realizador de cinema", disse Wen, ex-director de fotografia. Se não fosse o mercado online, Wen acredita que iria ter de esperar anos até realizar um filme distribuído de forma tradicional.

Embora a China seja o segundo maior mercado de cinema do mundo, a perspectiva para as operadoras de cinema não é clara. Em 2016, as bilheteiras tiveram o menor crescimento da última década (3,7%) com receitas de bilheteiras no valor de 45,7 mil milhões de yuans (cerca de 6,2 mil milhões de euros). Uma economia em desaceleração e menos blockbusters estrangeiros estão entre os factores responsáveis pela redução da venda de bilhetes no ano passado, em comparação com o crescimento de quase 50% em 2015.

Durante vários anos, os realizadores de vídeos e filmes distribuídos exclusivamente na Internet conseguiram passar por baixo do apertado escrutínio que as autoridades chinesas colocam sobre a indústria de cinema tradicional. "Quando os filmes online começaram podíamos fazer o que queríamos", diz o produtor Liu Yongqi, responsável pelo filme 30 dias para cultivar Amor, uma comédia sobre um homem que acredita ter cancro nos testículos em fase terminal e que quer ter um filho antes de morrer.

No entanto, este tipo de filmes vai passar a ser mais regulado a partir do momento em que uma nova Lei do Cinema entrar em vigor em Março. Os realizadores vão ser obrigados a apresentar os argumentos para aprovação e a ter uma licença para distribuir os filmes através da Internet. Ainda assim há quem acredite que essa vigilância adicional, que poderá reduzir conteúdos mais violentos ou sangrentos, não seja negativa. "As pessoas que fazem os melhores trabalhos são capazes de o fazer mesmo com aquilo que temos", diz Liu Zhaohui, co-fundador de uma associação que só em 2016 financiou uma centena de filmes online. "Ou seja, mesmo com algemas eles ainda podem dançar."

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