El Salvador

Uma cidade caixão em El Salvador

A taxa de homicídios recorde em El Salvador fez com que uma cidade se transformasse num verdadeiro centro de produção de caixões.

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As ruas apertadas de Jacuapa enchem-se de carrinhas que saem desta cidade salvadorenha com cargas de caixões para as agências funerárias do país. Nestas oficinas de aspecto improvisado, serralheiros e carpinteiros trabalham para construir os caixões que, noutras salas são forrados e decorados com pequenos acessórios. Em 2015, a violência gerada pelos gangues aumentou em cerca de 70% a taxa de homicídios no país, e os assassinatos continuaram a aumentar nos primeiros três meses de 2016, enquanto se prolonga a luta dos gangues pelo controlo do tráfico de droga. O ano passado chegou a ser apontada uma média de 30 mortes por dia.

Só em Jacuapa, uma cidade com 18 mil habitantes que fica a 115 quilómetros da capital, San Salvador, existem cerca de 18 empresas deste género. Para trás ficou, para muitos habitantes, o trabalho pouco rentável na agricultura, num cenário agravado também por uma economia titubeante. “Tem havido um aumento de oficinas devido à situação económica”, explica Cesar Cruz, que com 36 anos gere o negócio do pai. “É a área que mais trabalhos cria aqui”, diz Cruz à agência Reuters. Só a sua empresa conta com 16 trabalhadores e prepara 40 cargas semanais para todo o país. Os preços por caixão podem variar entre os 80 e os 1000 euros.

Estas empresas e as agências funerárias são das poucas actividades a lucrar com esta vaga de violência que em 2014, e de acordo com o Banco Central de El Salvador, custou cerca de 3,5 mil milhões de euros - o que representa 16% do produto interno do país. Mas o trabalho destas oficinas não se esgota em El Salvador. “Com ou sem assassinatos, há sempre trabalho porque os caixões vão para outros países", revela o carpinteiro Jose Flores, de 24 anos. "Como as Honduras ou a Guatemala.”