TDT é um "escândalo económico e político", acusa comissão de trabalhadores da RTP

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Os trabalhadores da RTP criticam fortemente a atribuição da exploração da TDT à PT Ricardo Silva

A Comissão de Trabalhadores da RTP afirmou hoje que a forma como está a ser desenvolvida a implementação da Televisão Digital Terrestre (TDT) em Portugal é "um verdadeiro escândalo económico e político com graves consequências sociais a curto, médio e longo prazo".

Para a CT do grupo público de rádio e televisão, ao primeiro erro do processo foi aceitar que a Portugal Telecom, que concorre com a TDT através da venda de pacotes de televisão através do Meo, pudesse concorrer ao processo - quando era a "única empresa empresa em Portugal que não a poderia ter". O outro erro é de incompetência política: exigiu-se à operadora que fosse assegurada a "cobertura de uma percentagem de território em vez de assegurar a cobertura de uma percentagem de população".

Essa decisão fez com que agora haja populações que terão que pagar por uma antena para a recepção por satélite do sinal da TDT.

Em comunicado, a CT realça que no resto da Europa "a introdução da TDT foi o catalisador de uma explosão de variedade de oferta televisiva (por exemplo, a Espanha tem 48 canais na TDT, a Estónia tem 44, já para não falar dos 53 canais na Alemanha e nos 70 em Itália)", ao passo que Portugal "terá como triste distinção o facto de ser o país europeu com o menor número de canais nesta plataforma".

Ao atribuir-se o desenvolvimento da plataforma de TDT à PT "está a perder-se uma oportunidade histórica para efectuar um salto gigantesco na qualidade e variedade do serviço televisivo prestado às populações".

As críticas estendem-se também à Autoridade Nacional das Comunicações (Anacom) que, apesar de todas as críticas e problemas apontados publicamente ao processo, "faz a defesa deste modelo de TDT e dos seus intervenientes, contra tudo e contra todos". E vão mais longe: isso é a "dolorosa evidência de que, em Portugal, o regulador do sector das telecomunicações é financiado por aqueles que regula".

"Tudo neste processo da TDT foi motivado, não pela defesa do bem público, mas sim pela defesa do bem privado, nomeadamente das operadoras de telecomunicações móveis", acusa a comissão de trabalhadores, que diz que o serviço público que o grupo estatal presta está a ser "negado a mais de um milhão e 300 mil portugueses".

A CT da RTP também exige "um outro modelo de TDT que integre os canais que actualmente existem e os que facilmente podem ser criados (...) e com cobertura total do território de forma a garantir um serviço público de televisão e rádio".

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