Jornais desportivos em Portugal

A BolaCom 62 anos que se completam no próximo dia 29, o jornal da Travessa da Queimada, em Lisboa, é o mais antigo entre os desportivos e um dos mais carismáticos títulos portugueses. O director, Vítor Serpa, diz que a actual crise na imprensa escrita afecta também os desportivos apesar da circulação paga destes títulos ser muito superior aos diários generalistas. A Bola, o único diário português que não é auditado pela Associação Portuguesa para o Controlo de Tiragem e Circulação, vendeu em média em Dezembro, segundo Vítor Serpa, 80 mil exemplares. Sobre as críticas frequentes aos jornais desportivos que dizem que os títulos dão demasiada atenção ao futebol, o director defende-se: "A Bola tem sido vanguardista nesse domínio. Basta ver o espaço dedicado nas nossas primeiras páginas às vitórias de Obikwelu, Vanessa Fernandes, Telma Monteiro ou, mais recentemente, a grandes acontecimentos internacionais como o Lisboa-Dakar." Encara o aparecimento do primeiro gratuito desportivo como um desafio: "Deixa-nos atentos, mas sem preocupações assinaláveis. Se se tornar num bom produto, o desafio será ainda maior e entusiasmante; se não for, o mercado resolverá rapidamente o problema."

Record
Manuel Dias, ardina e atleta olímpico, fundou o Record com 40 contos que ganhou numa lotaria, em 1949. O título, que ganhou o nome de uma sapataria inglesa, passou por várias crises desde a sua fundação, até que foi adquirido em 1989, pelo grupo PEI, liderado por Pedro Santana Lopes. Joe Berardo foi o dono que se seguiu em 1992 e manteve-se até 2000, quando vendeu o Record à Cofina, actual proprietária. Diário desde 1995, o Record tem actualmente uma circulação média paga de 80.754 exemplares, o que faz com que lute, taco a taco com A Bola pelo primeiro lugar no ranking dos desportivos. A direcção editorial do jornal, encabeçada por Alexandre Pais, não quis comentar o aparecimento do novo gratuito desportivo.

O Jogo
O Jogo apareceu a 22 de Fevereiro de 1985 e foi o primeiro a publicar-se sete dias por semana, junto com o generalista Jornal de Notícias. Em 1994 foi comprado pela Jornalinveste, da Olivedesportos, passando a ter como director Manuel Tavares, que se mantém no cargo, e como director-adjunto Rogério Gomes, ambos saídos do PÚBLICO. Carlos Machado, chefe de redacção de O Jogo, que tem as menores vendas dos três - 40.529 exemplares de circulação média paga -, encara com bons olhos o aparecimento de um gratuito desportivo: "Enquanto jornalista, considero bem aparecido qualquer que seja o novo jornal. De resto, também os gratuitos são bem-vindos ao mercado dos desportivos, ainda que, à distância, me pareça uma empreitada difícil de levar avante. Não estando nas bancas ao sábado e ao domingo, adivinha-se um processo complicado." A.M.

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