VCI do Porto vai receber milhares de árvores e ficar mais verde

Câmara do Porto cria rede de "biospots", uma iniciativa em colaboração com a Área Metropolitana do Porto e a Infra-estruturas de Portugal

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O nó de Regado vai ser o primeiro local a receber as novas árvores Adriano Miranda

A Câmara do Porto vai plantar dez mil novas árvores no espaço público da cidade até 2021. Os novos núcleos, designados “biospots”, são, por enquanto, 14, e muitos deles estão instalados ao longo da Via de Cintura Interna (VCI), em nós ou taludes. O primeiro ponto desta rede de “biospots” a receber as espécies autóctones é o Nó do Regado, que vai ganhar 800 novas plantas até ao final de Março.

A rede de “biospots” está integrada num programa mais vasto da autarquia – Florestas Urbanas Nativas do Porto (FUN Porto) – e enquadra-se no projecto de plantar 100 mil novas árvores na Área Metropolitana do Porto (AMP). Por isso, esta quarta-feira será assinado um protocolo de colaboração entre o município, a AMP e também a Infra-estruturas de Portugal, já que algumas das zonas identificadas para receber as árvores, nesta primeira fase, estão sob a alçada desta entidade. “Quando começamos a tentar perceber onde poderíamos plantar massivamente árvores, deparamo-nos com uma série de taludes e nós de acesso, que se adequavam ao que pretendíamos”, disse ao PÚBLICO o vereador do Ambiente da Câmara do Porto, Filipe Araújo.

Os 14 primeiros “spots”, num total de 17 hectares, incluem, por isso, vários pontos da VCI, incluindo os nós do Regado, de Francos e do Freixo. Um outro local que será integrado nesta rede é a Quinta de Salgueiros, junto ao Estádio do Dragão, que chegou a ser pensado, no âmbito do Plano de Pormenor das Antas (PPA), para ser um novo parque urbano da cidade. O projecto nunca avançou e já em Setembro, numa sessão da Assembleia Municipal, o presidente da câmara, Rui Moreira, disse que o ruído das vias circundantes impedia que ali fosse criado “um parque para fruição”, estando a ser estudado para li um Biolab.

Ora, este Biolab será um dos “spots” mais relevantes da rede agora em criação, com a câmara a explicar que pretende criar ali uma “área piloto na avaliação e optimização dos serviços dos ecossistemas, sejam eles ambientais, culturais, sociais ou económicos”.

A rede de “biospots” do Porto, que agora se inicia, contou, na sua criação, com o apoio consultivo de cinco investigadores de várias universidades, que Filipe Araújo diz serem de áreas tão diversas como “a arquitectura ou a saúde” e do Centro Regional de Excelência da Universidade Católica. O vereador refere alguns dados recolhidos, que ajudam a perceber a importância da iniciativa: “Os serviços ecológicos que estas árvores prestarão em adultas podem ser avaliados em 500 mil euros ao ano. Além disso, elas terão a capacidade para sequestrar cerca de 50 toneladas de carbono/ano”, diz. É claro que para que estes valores se concretizem é necessário esperar cerca de vinte anos, para que as árvores cresçam.

Por essa altura, é muito provável que a rede de “biospots” já se tenha expandido. “Estamos em fase de revisão do Plano Director Municipal e vamos aproveitar esta oportunidade para identificar novos locais que se possam juntar à rede”, explicou Filipe Araújo.

Além da criação da rede de “biospts”, o FUN Porto inclui outros projectos, um dos quais está já em curso e pretende levar para o Porto outras dez mil árvores e arbustos, criados no Viveiro Municipal do Porto. O projecto Se Tem Um Jardim, Temos Uma Árvore Para Si destina-se a pessoas que têm jardins ou quintais em terrenos particulares e que, até 5 de Fevereiro, se podem candidatar a receber, gratuitamente, plantas autóctones ou sementes do viveiro portuense.

Filipe Araújo realça a importância das novas árvores que vão povoar o Porto, explicando que a cidade “tem muitos eixos que necessitam de inserção” e que os serviços prestados pelas árvores, sobretudo, em adultas, são muito valiosos: “Além de podermos criar espaços de convivência ou do aumento de bem-estar da população estamos até a contribuir, a médio prazo, para a poupança pública, porque as árvores retêm poluentes, sequestram carbono, contribuem para a retenção de águas e são essenciais à biodiversidade”.

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