Um roteiro cultural sai à rua à procura do Jardim do Caracol da Penha

Uma pesquisa do Movimento pelo Jardim do Caracol da Penha apurou que Arroios e Penha de França estão entre as cinco freguesias de Lisboa com menos espaços verdes: são menos de 1 metro quadrado de jardim por habitante.

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O espaço para o Parque Carocol Penha tem estado até agora inacessível Nuno Ferreira Santos

Este sábado, o Movimento pelo Jardim do Caracol da Penha reúne moradores e artistas num roteiro cultural pelo espaço verde que querem ver criado em Arroios. A iniciativa surge depois de, em Setembro, este grupo de moradores de Arroios e Penha de França ter rejeitado a intenção da Empresa Municipal de Mobilidade e Estacionamento de Lisboa (EMEL) de construir, na encosta da Penha de França, um parque de estacionamento. Pedem, em vez disso, a requalificação do local para a criação de um jardim público.<_o3a_p>

Ao Caracol! – Roteiro Cultural por um Jardim” leva às ruas e varandas do Bairro das Colónias cerca de 20 espectáculos, durante a tarde e a noite deste sábado. Teatro de rua, yoga, música e dança numa tarde com programação para todas as idades.<_o3a_p>

Há convites para quem se quiser sentar num café e exercitar a escrita criativa, ou mesmo escutar nas escadas da Rua Cidade de Manchester as estórias de Pedro Giestas. Há uma oficina de desenho, serigrafia e pinturas na rua, ateliês abertos e várias instalações. Até uma largada de pombas.

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Espaço ainda para a história e o bairrismo. Soraia Simões, do projecto Mural Sonoro, propõe-se questionar e coleccionar as memórias do bairro, dos que ali vivem ou trabalham desde 1926. “Dois bairros, um futuro” será uma visita guiada ao Bairro das Colónias e Bairro de Inglaterra. E, através do teatro, Custódia Gallego, Joana Pupo, Marta Félix e Ricardo Vaz Trindade vão andar “À procura de um jardim...”.<_o3a_p>

Ao final da tarde, os Punk d'Amour vão dar Música na Varanda. Pouco depois Rui Baeta, José Grossinho e Miriam Nieli trazem o Tango ao Jardim. Sobem ainda ao palco Matilde com Joana Manuel, projecto de Joana Manuel com Rui Galveias, Marília Schanuel, Gume Lume e Solo Guitar Set, por Philippe Lenzini.

Depois da entrega de uma petição com 2600 assinaturas na Assembleia Municipal de Lisboa, o projecto do Jardim do Caracol da Penha entrou no Orçamento Participativo de Lisboa. Para além de darem a conhecer o espaço, o apelo ao voto no projecto 180 é um dos objectivos deste roteiro.

Pretendem ainda mostrar à autarquia que os “residentes sentem a necessidade de espaços verdes e apoiam o Jardim do Caracol da Penha”, lê-se no comunicado enviado ao PÚBLICO.

O terreno em causa, pertencente ao município, tem cerca de um hectare, limitado a Norte pela Rua Marques da Silva e a Sul pelas ruas Cidade de Liverpool e Cidade de Cardiff. De acordo com os moradores, trata-se de um “extenso espaço verde”, que “possui mais de 25 árvores de espécies variadas”, e que tem estado até aqui inacessível. O plano da EMEL prevê a construção neste local de um estacionamento com 86 lugares.

Uma pesquisa feita pelo movimento permitiu apurar que Arroios e Penha de França estão entre as cinco freguesias de Lisboa com menos espaços verdes: são menos de 1 metro quadrado de jardim por habitante, num cenário de 60.000 pessoas. O local em causa assume uma particular importância por ser o “único não urbanizado desta zona da cidade”, defendem os moradores. Não se trata, por isso, de não quererem um parque de estacionamento, como já tinha defendido o porta-voz do movimento ao PÚBLICO. "Não queremos é perder a última oportunidade de ter ali um jardim", afirmara Miguel Pinto.

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