Tubagens que colapsaram na A14 não são adequadas e foram solução de recurso

A tubagem em causa "utiliza-se em obras de agricultura, não deve ser utilizada em obras com um tráfego deste género e para estar 20 anos", diz técnico.

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Sérgio Azenha

O director de obras municipais da autarquia da Figueira da Foz disse nesta segunda-feira que as tubagens que colapsaram na auto-estrada A14 não são adequadas a estradas e que foram uma solução de recurso utilizada há 22 anos.

Em declarações à agência Lusa, António Albuquerque explicou que a obra da Câmara Municipal, na zona das chamadas pontes de Maiorca, na Estrada Nacional (EN) 111 (entretanto municipalizada) pretende, precisamente, substituir as quatro tubagens utilizadas numa passagem hidráulica nos campos do Mondego por um pontão em betão armado e que o "problema semelhante ao que aconteceu na A14" foi detectado há ano e meio pelos serviços municipais.

"Claramente que esta tubagem que aqui está, que foi colocada em 1994 pela Estradas de Portugal na altura em que foi feito este troço da A14 [então IP3], foi uma solução de recurso. Isto não é uma solução adequada para fazer este tipo de passagens hidráulicas, tanto que nós vamos substitui-la integralmente nesta zona por uma ponte em betão armado", afirmou.

Ainda de acordo com aquele responsável, o problema detectado na EN 111 - na passagem hidráulica do rio Foja, afluente do Mondego, por debaixo daquela via - afectou uma das quatro tubagens em liga metálica denominada ‘armco' (idênticas às que colapsaram na A14) que "abateu, começou a deformar-se" e levou a Câmara Municipal a intervir.

António Albuquerque explicou que a tubagem em causa "utiliza-se em obras de agricultura, não deve ser utilizada em obras com um tráfego deste género e para estar 20 anos", e que a autarquia optou por uma "solução radical, uma ponte em betão armado que era o que devia ter sido feito, em tempos".

"Compreendo que quem estava em 1994 nas Estradas de Portugal tivesse optado por esta solução, pensando que ia aguentar. Agora, claramente não é uma solução que dê uma garantia para 50 anos, as Estradas de Portugal hoje em dia têm várias situações em que estão a substituir isto", sustentou o director de obras municipais.

A A14 está interdita à circulação automóvel, na zona de Maiorca, concelho da Figueira da Foz, desde as 08h30 de domingo, na sequência de um aluimento do piso. A EN111, que deveria funcionar como "alternativa natural" à auto-estrada A14 está também interrompida ao trânsito, nos dois sentidos, devido a obras na zona das Pontes de Maiorca, mas a intervenção camarária vai ser suspensa para permitir a instalação de uma ponte militar naquela via, permitindo a sua reabertura, anunciou no domingo o presidente da Câmara, João Ataíde.

António Albuquerque precisou hoje que a ponte militar será instalada a partir de quarta-feira e deverá estar concluída o mais tardar até final da próxima semana.

Já a obra municipal de construção da ponte na EN 111, que tinha um prazo de duração de 90 dias e iniciou-se há cerca de duas semanas, vai ser suspensa por tempo indeterminado, indicou, até que a intervenção na A14, que hoje se iniciou e tinha um prazo indicativo, segundo a concessionária Brisa, de seis a sete semanas, esteja concluída.

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