Três meses depois da tempestade nos Açores, ainda há 19 famílias desalojadas

Casas e estradas ainda estão a ser recuperadas. Algumas famílias só deverão regressar às suas habitações dentro de um ou dois meses.

Passados três meses após o deslizamento de terras na ilha de São Miguel e as cheias em duas ribeiras na ilha Terceira, várias famílias continuam desalojadas.

Das dezassete famílias que foram afectas no Faial da Terra, cinco ainda continuam realojadas em habitações unifamiliares. Da freguesia de Porto de Judeu, na ilha Terceira, duas estão a viver em casa de familiares, enquanto esperam pelas obras para poderem voltar às suas casas.

No entanto, em relação ao segundo caso, a Direcção Regional da Habitação e a Casa do Povo já assinaram o protocolo para que se estabeleçam as transferências de verbas necessárias à recuperação das habitações destas duas famílias. João Tavares, presidente da Casa do Povo e da Junta de Freguesia do Porto Judeu, prevê que estas pessoas possam regressar já “dentro de um mês e meio a dois meses”.

Maria Elvina, moradora de Burguete, na freguesia de Faial da Terra, regressou a casa nove dias depois da derrocada. Já os seus vizinhos, cujas casas ficaram totalmente soterradas, não sobreviveram. Segundo Maria Elvina, uma das casas continua cheia de terra, pedras e árvores a entrar-lhe pelas janelas, tal e qual o dia do desastre. “Tenho horror, nunca mais fui lá atrás”, comentou.

Carlos Ávila, Presidente da Câmara da Povoação, justificou a situação explicando à Lusa que as limpezas à “derrocada propriamente dita” ainda não foram feitas porque, como continuou a chover muito na região, “os terrenos estão muito moles ainda”. A autarquia espera assim pela chegada de bom tempo para que as terras se tornem “mais consolidadas”. Ainda como medida de prevenção, os serviços de Ambiente e Florestais do Governo Regional procederam à limpeza da encosta, em Burguete, de forma a evitar mais derrocadas.

Entretanto, não terminaram ainda os trabalhos de reparação em várias ilhas. “Estão a decorrer trabalhos na estrada regional da Ribeira Quente, em São Miguel, intervencionada ao nível dos taludes. Temos também intervenções em curso na Terceira, para início dos trabalhos na zona do Porto Judeu. Estamos a preparar o terreno para dentro em breve restabelecer a estrada regional que ficou danificada. Dentro de alguns dias vai ser iniciada a reparação da estrada regional na ilha das Flores e estão em fase final os trabalhos numa estrada na ilha Graciosa”, revelou Bruno Pacheco, director regional das Obras Públicas, Tecnologia e Comunicação.

Ainda para este mês, estão previstas obras na Grota do Tapete, em Porto Judeu onde uma ribeira será recuperada e as acessibilidades às moradias serão restabelecidas.

Como forma de apoio, a Casa do Povo do Porto Judeu tem ajudado estas famílias através de donativos que revertem na compra de electrodomésticos e mobiliário. Também o núcleo de acção social da Povoação tem contribuído com “subsídios no âmbito da precariedade económica” devido ao “desemprego e baixos rendimentos”, para além do “apoio psicossocial sempre que necessário”.

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