Transtejo e Soflusa vão requalificar quase toda a frota até ao final do ano

Quebra na oferta de navios disponíveis nos últimos quatro anos motivou queixas de utentes e funcionários das empresas de transporte fluvial do Tejo. Apesar disso, a procura tem vindo a aumentar.

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fabio augusto

Até ao final do ano, quase toda a frota das empresas públicas de transporte fluvial no rio Tejo, Transtejo e Soflusa, vai ser intervencionada. Para tal vão ser destacados 10 milhões de euros, um aumento de quase quatro milhões no investimento alocado pelo ministério do Ambiente, que tutela estas empresas, face ao ano passado. Sem adiantar a natureza destas intervenções, o ministério informa em comunicado que sete dos navios vão ter “intervenções profundas”.

O reforço do investimento do Governo nas duas empresas acontece depois do número de navios da Transtejo e Soflusa a circular ter vindo a diminuir nos últimos quatro anos, provocando uma queda da qualidade do serviço prestado, a julgar pelas reclamações dos utentes e funcionários da empresa. Nos últimos dois anos, a tutela investiu mais de 11 milhões de euros na manutenção da frota das duas empresas: 5,4 milhões em 2015, altura em que “as deficiências em relação à manutenção dos navios eram graves”, e 6,1 milhões em 2016. Valores que não permitiram “reforçar o aumento da qualidade da oferta”, lê-se em comunicado.

O ministério do Ambiente espera que as empresas tenham disponíveis, no final do ano, entre 18 e 20 navios, sendo 18 o número “mínimo para garantir uma operação sem sobressaltos”. Em Dezembro, a antiga administração das duas empresas (que mudou em Janeiro deste ano) partilhava com o PÚBLICO que a Transtejo e Soflusa tinham “25 navios com condições de exploração em serviço público”, mas apenas 17 estavam disponíveis para operar. E acrescentava: “No pico de serviço diário, são necessários apenas 15 navios para realizar o serviço programado”.

Apesar das limitações na oferta, a procura tem aumentado, segundo os dados do ministério. Em Maio, registou-se um crescimento de 3,8% no número de passageiros face ao mesmo mês do ano passado, uma média feita com os dados da Transtejo, que faz as ligações de Cacilhas, Montijo, Seixal, Porto Brandão e Trafaria com Lisboa, e da Soflusa, que liga o Barreiro à capital.

A insatisfação dos trabalhadores face ao estado de manutenção da frota tem sido um dos motivos que levou estes profissionais a fazer greves parciais nas duas empresas, a última realizada a 26 e 27 de Abril. Reclamações partilhadas pelos utentes: em Dezembro do ano passado, uma delegação de entidades sindicais, comissões de trabalhadores e utentes e câmaras municipais dirigiu ao ministro do Ambiente, João Matos Fernandes, uma carta a denunciar uma “situação insustentável”, dada a frequência com que se debatiam com problemas técnicos e supressões de carreiras.

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