Transportes Colectivos do Barreiro querem ser exemplo para o país

A comemorar 60 anos de existência, empresa gerida pela Câmara Municipal do Barreiro, anuncia investimento de 18 milhões de euros na renovação da frota de autocarros

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ricardo jorge carvalho

 

Os Transportes Colectivos do Barreiro (TCB), empresa de transporte público rodoviário detida pela Câmara Municipal do Barreiro, prepara-se para investir 18 milhões de euros na renovação geral da frota. O plano de modernização, que passa pela aquisição de 60 novos autocarros movidos a gás natural comprimido, foi reafirmado nesta sexta-feira, na cerimónia de comemoração dos 60 anos dos TCB que juntou Governo PS e autarcas do PCP e PEV.

Governante e eleitos municipais são unânimes quanto à importância da empresa, apesar do diferendo nacional entre socialistas e comunistas quanto à municipalização da Carris, em Lisboa, e dos STCP, no Porto.

O presidente da câmara do Barreiro (PCP) apontou os TCB como “elemento estruturante” do concelho, pela ligação entre as freguesias rurais e o centro urbano, e factor “mais significativo” no combate à desertificação da cidade após o encerramento das muitas fábricas ao longo das últimas décadas.

“Se não houvesse TCB teríamos perdido muito mais gente. Noutros países da Europa, essa perda da desindustrialização foi de 50%, nós conseguimos reduzir esse efeito para cerca de 20%.”, afirmou Carlos Humberto de Carvalho.

O autarca comunista conclui que a empresa municipalizada de transportes tem sido muito relevante para o concelho e que a autarquia conseguiu “resistir e potenciar” os TCB apesar da “situação dramática do país de empobrecimento dos serviços públicos”.

Carlos Humberto assegura que a empresa de transportes do Barreiro está preparada para ser “um exemplo em Portugal e para o mundo”.

O secretário de Estado Adjunto e do Ambiente evocou os exemplos do Barreiro e de Braga para defender a participação dos municípios na gestão dos transportes públicos e deu os parabéns ao município do Barreiro e aos TCB pelo “magnífico trabalho”. José Mendes sublinhou que a empresa barreirense tem 20 linhas de carreiras diárias, uma frota de 60 autocarros e que transporta milhões de pessoas.

O vereador municipal responsável pela gestão dos TCB, Rui Lopo, anunciou que a empresa apresentou já uma candidatura a 3,5 milhões de euros a fundos comunitários, através do Programa Operacional de Sustentabilidade e Eficiência no Uso dos Recursos (POSEUR) para financiamento de parte do investimento de 18 milhões de euros, previsto para os próximos dois anos.

Os restantes 14,5 milhões de euros serão financiados através de empréstimo bancário, a contrair pelo município – medida já aprovada pela câmara e assembleia municipais – e a pagar pelos TCB em 14 anos.

Rui Lopo (PEV) explica que a estratégia da empresa é deixar de ser apenas um operador de transportes colectivos para passar a ser um “operador de mobilidade”, ou seja, integrar também a gestão de estacionamento tarifado e a criação de meios cicláveis.

Um dos passos nesse sentido foi dado já. Os TCB apresentaram um novo serviço de bicicletas partilhadas, disponíveis em vários pontos da cidade, que os utentes podem utilizar com o cartão de transporte dos TCB.

Segundo um estudo de sustentabilidade apresentado pela empresa, os transportes colectivos, que têm um custo de operacionalidade de 6,5 milhões por ano, geram anualmente um benefício para a população local equivalente a um valor económico de 9 milhões de euros.

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