Tecnológica Blip expande operação no Porto

Empresa detida por gigante das apostas online reforça presença na cidade, tal como a Critical Software. Juntas garantem mais de 500 postos de trabalho.

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Nas novas instalações da Critical e da Blip vão trabalhar mais de 500 pessoas Nelson Garrido

O Ministro da Economia gostou do que viu e ouviu esta quarta-feira à tarde, na Câmara do Porto. No momento de apresentação da associação Porto Tech Hub, duas das três empresas fundadoras anunciaram a ampliação das suas operações – claramente viradas para a exportação de serviços de elevado valor acrescentado – a partir da cidade. A Blip e a Critical Software vão fixar nas novas instalações mais de 500 empregos qualificados, uma parte dos sete mil postos de trabalho que, segundo o autarca Rui Moreira, podem vir a ser criados se se concretizarem todas as intenções de investimento que estão no radar da entidade municipal Invest Porto.

Os esforços de captação de novos negócios por parte da Invest Porto vão dando frutos, e a intervenção da agência foi importante no apoio à Blip, que procurava novas instalações na cidade. A empresa, que há quatro anos tinha 40 engenheiros a desenvolver software, parte dele para a Betfair, foi comprada por esta multinacional que, entretanto, e por fusão com a Paddy Power, se tornou num gigante das apostas online. Gigante esse que apostou na tecnológica portuguesa como o seu principal centro de produção do seu software, investindo nela 30 milhões desde 2012, explicou o CEO da Blip, Hélder Martins.

Chegada a este ponto, com 250 pessoas a trabalhar nos 2500 metros quadrados no edifício Trindade Domus, e com necessidade de acrescentar mais 60 pessoas aos seus quadros, a Blip decidiu que seria melhor construir um espaço de raiz (ou reabilitar, no caso), e comprou um belíssimo edifício conhecido como Porto Nascente – na freguesia do Bonfim, em frente à secundária Alexandre Herculano – onde se vai instalar  até ao início de Outubro. “Queríamos fazer algo especial, um escritório  com a nossa imagem, virado para o futuro, ecológico, confortável, criativo”, argumentou Hélder Martins, líder de uma empresa reconhecida pelas excelentes condições de trabalho que dá aos seus colaboradores.

A BLIP fundou com a Critical Software e a Farfetch a associação Porto Tech Hub, que esta quarta-feira se apresentou à cidade, e ao país, nos Paços do Concelho, já com uma direcção eleita e aberta a novos associados. O apoio do município assenta na comunhão de objectivos com estas três empresas, que se juntaram para consolidar a imagem da cidade como um centro de criação, captação, fixação de empresas tecnológicas onde é possível encontrar um ambiente urbano, uma cultura e uma mão-de-obra qualificada, essencial para este tipo de empresas. “O Investimento da Betfair não aconteceu por sermos baratos, mas por sermos bons e conseguirmos concorrer com qualquer empresa no mundo”, vincou Hélder Martins.

O mesmo espírito animou o discurso de Gonçalo Quadros, co-fundador da Critical Software que, como o PÚBLICO noticiou na terça-feira, vai transferir o seu ramo nortenho, actualmente sediado no TecMaia, para o edifício da antiga EDP Renováveis, na Rua do Bonjardim, no qual espera acomodar 200 pessoas, sensivelmente o dobro da equipa actual. Num caso como no outro, a opção contribui para a reabilitação urbana, e o CEO da Critical ofereceu os serviços desta empresa que se atirou para a estratosfera – a Nasa é o seu cliente mais famoso – aos jovens que, a partir de baixo, e do Porto, tentam criar novos negócios na área tecnológica. “gostava que fossemos vistos como uma máquina de trituração das dificuldades, uma agência de injecção de confiança”, afirmou o gestor, feliz por dar aos seus quadros a hipótese de trabalharem no centro de uma cidade “vibrante”.

Gonçalo Quadros e o ministro da Economia partilharam o mesmo voo na viagem até ao Porto, e conversaram sobre a necessidade de apoiar as empresas que estão a começar. Manuel Caldeira Cabral tinha estado na cidade poucos dias antes, a apresentar no antigo matadouro o programa Start Up Portugal, e ontem explicou que no âmbito desta iniciativa vão ser criados dois fundos de capital de risco, num valor superior a 400 milhões de euros, com uma participação estatal e, maioritariamente, investimento de privados. Aos quais, frisou, caberá escolher os projectos a apoiar.

O Governo vê neste programa – e em iniciativas como o Porto tech Hub –  uma forma de fixar talento formado no país, mas Caldeira Cabral não deixou de assinalar que investimentos como o da Bosch, em Braga, o da Euronext  que vai abrir um espaço na Boavista, no Porto, e da Altice no centro de Investigação e desenvolvimento que a PT fundara em Aveiro, mostram que Portugal está a ser escolhido “mais frequentemente” por investidores internacionais. “Uma prova de que vale a pena apostar no talento, nas pessoas e nas cidades”, insistiu.  

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