Teatro Universitário do Porto volta a ter de mudar de instalações

O grupo de teatro universitário ocupa, desde o final de 2014, o antigo edifício do colégio Almeida Garrett, que vai ser vendido ou concessionado pela Universidade do Porto.

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Desde o final de 2014 que o Teatro Universitário do Porto realiza os seus ensaios no antigo Colégio Almeida Garrett. Adriano Miranda

O Teatro Universitário do Porto (TUP) nunca teve uma casa fixa e agora corre o risco de mudar de novo de instalações. A companhia está sediada no edifício do antigo Colégio Almeida Garrett, situado na Praça Coronel Pacheco e, desde que foi lançado em Diário da República o concurso público para a venda ou concessão do edifício, pela Universidade do Porto (UP), as dúvidas quanto ao futuro do grupo voltam a estar em cima da mesa.

Segundo Orlando Gilberto-Castro, da direcção do TUP, a companhia teve conhecimento da decisão, numa fase inicial, através da comunicação social, tendo sido posteriormente comunicada oficialmente numa reunião do grupo com os responsáveis da Universidade do Porto, no sentido de perceber a situação e as soluções que estariam disponíveis na mudança de instalações. Mas, para a companhia de teatro universitário, as dúvidas permaneceram. De acordo com a direcção, a Universidade ainda não fez nenhuma proposta ou apresentou “qualquer solução que viabilize a continuidade do TUP”.

Orlando acrescenta que o espaço de ensaios do Teatro Universitário do Porto precisa de satisfazer necessidades específicas que nem todos os locais permitem: “Para além da necessidade de um espaço de ensaio, temos uma série de material técnico, cenografia, figurinos e um arquivo que tentamos preservar desde 1948 a nível de livros e documentos históricos que, grande parte deles, não existe em mais lado nenhum”, conta o membro da direcção, acrescentando que a exigência a nível das instalações “não cabe em nenhum dos espaços que estão disponíveis neste momento”.

Fonte da reitoria da Universidade do Porto disse ao PÚBLICO que na reunião foi analisada “a disponibilidade da Universidade para trabalhar com o TUP no sentido de encontrar um outro espaço que sirva as necessidades do grupo, dentro da própria Universidade ou até em outras estruturas da cidade” e que todas as hipóteses estão em cima da mesa.

De acordo com a mesma fonte, boa parte do edifício onde o grupo realiza os ensaios “encontra-se em contínuo estado de degradação”, apesar dos investimentos feitos pela Universidade do Porto em obras de conservação. A mudança de instalações do grupo não terá que ser feita antes do final deste ano, tendo em conta os prazos da hasta pública do ex-Colégio de Almeida Garrett.

Os múltiplos espaços temporários

Já não é a primeira vez que o grupo de teatro mais antigo em actividade no Porto tem de mudar o seu local de ensaios. “A história do TUP tem estado cheia de instalações provisórias e feitas um pouco em cima do joelho”, explica Orlando Castro.

Em Dezembro de 2014, a companhia de teatro passou das instalações da travessa de Cedofeita para o edifício na Praça Coronel Pacheco, disponibilizado pela Academia Contemporânea do Espectáculo (ACE), que se mudou para o Palácio do Bolhão. No antigo Colégio Almeida Garrett está também o Digital Fabrication Laboratory (DFL), da Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto.

O espaço actual em que o grupo realiza os ensaios também seria temporário. No passado, conta fonte da reitoria, a Universidade do Porto chegou a debater a possibilidade da Câmara Municipal do Porto ceder espaços do Teatro do Campo Alegre para o grupo de teatro, e que esta “poderá ser uma das hipóteses a explorar neste processo de procura conjunta de um novo espaço”.

O TUP diz que, apesar de ser uma responsabilidade da instituição universitária, poderá ter de ser a companhia a procurar uma nova instalação. Os espaços temporários têm sido decididos com a colaboração da UP, que cede o local sem exigir o pagamento de renda e fornece um apoio anual que, segundo a companhia, tem servido para suportar a actividade artística do grupo, “mas é insuficiente para manter o tipo de actividades que o grupo faz e ainda arranjar um espaço por conta própria”.  

Esta semana, o TUP vai reunir-se com a vice-reitora para as relações externas e cultura da Universidade do Porto, Fátima Marinho, para discutir a mudança.

Texto editado por Ana Fernandes

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