Será um banco a ajudar a pagar a reforma do castelo de Guimarães

BCP e Direcção Regional de Cultura assinam esta quinta-feira protocolo de mecenato no valor de 60 mil euros para viabilizar reabertura da torre de menagem e instalação de nova exposição permanente.

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Nelson Garrido

Até ao próximo Verão vai voltar a ser possível subir à torre de menagem e ao adarve do castelo de Guimarães, espaços onde circulação dos visitantes tem estado vedada por motivos de segurança nos últimos meses. As obras de reabilitação do monumento nacional arrancam ainda este ano e foram viabilizadas por uma candidatura a fundos comunitários, cuja contrapartida nacional será assegurada pelo banco Millenium bcp. O protocolo de mecenato que vai viabilizar esse apoio, no valor de 60 mil euros, é assinado esta quinta-feira.

A intervenção viabilizada por este apoio do banco vai permitir a beneficiação das condições de acessibilidade e segurança do castelo de Guimarães. Por um lado, serão melhorados os acessos para pessoas com mobilidade reduzida e também criadas protecções “para que as pessoas possam aceder ao monumento, sem risco de queda”, explica ao PÚBLICO o director-regional de cultura do Norte, António Ponte. A torre de menagem e o adarve – o passadiço junto das muralhas por onde é possível circundar o monumento pelo seu interior – têm estado encerradas por motivos de segurança nos últimos meses.

O adarve do castelo de Guimarães e as escadas de acesso não têm qualquer tipo de protecção, o que tem levado a alguns incidentes nos últimos anos, que acabaram por tornar premente este investimento. No início de 2013, uma turista russa, de 36 anos, sofreu ferimentos na coluna vertebral e nos membros inferiores, depois de ter caído de uma altura de cinco metros dentro daquele monumento.

Ao mesmo tempo, a obra prevista no castelo de Guimarães – que terá que estar pronta até Junho do próximo ano, uma vez que o seu financiamento ainda se enquadra nos fundos do QREN – vai criar uma nova área de recepção aos visitantes e incrementar também a qualidade dos suportes de informação disponibilizados aos turistas. Na torre de menagem, será instalada uma nova exposição permanente, que permita “integrar o castelo no seu tempo e na sua funcionalidade da época”, explica António Ponte, dando uma nova leitura da estrutura associada à fundação de Portugal.

Esse facto torna o castelo de Guimarães um dos monumentos mais icónicos do país e também um dos mais procurados pelos turistas. No primeiro semestre deste ano passaram por aquela estrutura cerca de 138 mil pessoas, o que fez deste o monumento mais visitado do Norte de Portugal no mesmo período. Nos últimos anos, e especialmente desde a Capital Europeia da Cultura de 2012, o número de turistas que procura o castelo e o Paço dos Duques de Bragança, localizado nas imediações, tem vindo a aumentar constantemente, com valores de crescimento anuais na ordem dos 15 a 20%. A intervenção agora prevista é, por isso, classificada como “determinante” pelo director-regional de Cultura do Norte, António Ponte, para melhorar as condições de acesso destes visitantes ao monumento nacional.

Entre 2009 e 2012, o actual director-regional de cultura esteve à frente do Paço dos Duques de Bragança, tendo também sob sua alçada o Castelo de Guimarães. Já na altura, a urgência de intervenção para reforçar a segurança no castelo tinha sido identificada, mas só agora foram reunidas as condições necessárias para responder a essa exigência. No início deste ano, a Direcção-Regional de Cultura do Norte (DRCN) apresentou uma candidatura ao programa operacional regional ON.2 para viabilizar uma intervenção no Castelo de Guimarães. A obra prevista tem um valor global de 400 mil euros e a proposta foi aprovada para receber apoio de fundos comunitários. Estas verbas apenas cobrem, porém, 85% do investimento necessário e a solução encontrada para a contrapartida nacional acabou por ser este acordo de mecenato com o BCP, através da fundação Millenium bcp – uma instituição criada em 1991 para apoiar projectos culturais.

O protocolo com o BCP, no valor de 60 mil euros, é assinado esta quinta-feira, na torre de menagem do castelo de Guimarães pelo presidente da Comissão Executiva do Millennium bcp, Nuno Amado, e pelo Presidente do Conselho de Administração da Fundação Millennium bcp, Fernando Nogueira. Em comunicado, a fundação diz “reconhecer a importância histórica deste monumento”, fundado no século X pela condessa Mumadona Dias para defesa do recém-fundado mosteiro de Guimarães e cuja existência foi determinante para que D. Henrique tenha vindo instalar-se na cidade, quando recebeu o Condado Portucalense. A instituição bancária “pretende associar-se à intervenção”, assumindo-se como seu mecenas exclusivo.

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