Esta é a semana para fazer "escalar" as jovens empresas do Porto

A iniciativa do projecto ScaleUp Porto, que começa hoje, quer tornar a cidade numa referência nacional e internacional nas áreas da inovação, do empreendedorismo e do emprego

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Rui Farinha

O nome Blip diz-lhe alguma coisa? Pois bem, a Blip é uma empresa de Engenharia Web, especialista em Aplicações Web de alta performance, fundada em 2009, que conta agora com cerca de 250 colaboradores. Com escritório na Trindade, no coração do Porto, o projecto pertence já ao clube de empresas que mais dados transaccionam no mundo, a par de gigantes da tecnologia como o Twitter ou o Facebook. Este é um dos exemplos dados por Filipe Araújo, Vereador do Pelouro da Inovação e Ambiente, que para si justificam a criação da ScaleUp Porto, uma estratégia conjunta do município com o UPTEC - Parque de Ciência e Tecnologia da Universidade do Porto, com a Porto Business School, com o Instituto Politécnico do Porto e com a Agência Nacional de Inovação.

Em nove anos, o Parque de Ciência e Tecnologia da Universidade já apoiou cerca de 370 empresas. Neste momento, a incubadora de startups tem cerca de 170 projectos empresariais nas suas instalações, tendo criado 2 mil postos de trabalho, 90% dos quais são ocupados por graduados e pós-graduados.

A Blip é um dos exemplos de empresas criadas na UPTEC que já provaram que subir vários degraus não é uma tarefa impossível. A Mindera, criada por um dos fundadores da Blip, é outro dos exemplos dados pelo vereador para a Inovação e Ambiente, que destaca o recrutamento de cerca de 120 pessoas, em cerca de um ano de existência.

De startup a scaleup, Filipe Araújo admite a estratégia deve passar agora por focar a estratégia em scaleups, isto é, startups com elevado potencial de crescimento, dado que “o ecossistema empreendedor do Porto é já muito maduro”. Aqui, o vereador para a Inovação e Ambiente põe a tónica na cidade, não como investidor, mas como “agregador” de todos os agentes da cidade, desde as empresas, às indústrias, aos investidores nacionais e internacionais, às instituições de ensino e aos próprios cidadãos.

Fazer as startups dar o salto, ganhando escala e notoriedade nacional e internacional é um dos objectivos apontados por Filipe Araújo para quem a “qualidade dos recursos humanos” é peça-chave neste processo. As universidades, o Politécnico, a “diversidade e capacidade” das infra-estruturas da cidade são também, na opinião do vereador, factores que permitem que as empresas “escalem” no Porto.

Um caminho que pode começar já a partir desta sexta-feira, e até ao dia 28 de Maio, na Semana Start & Scale. Uma semana dedicada a novos negócios que surge na sequência do manifesto apresentado pela ScaleUp em Abril, que atribui à cidade “um papel único como facilitador do crescimento das empresas e do desenvolvimento de um ecossistema de inovação próspero, tendo um impacto na economia e na criação de emprego". 

Clara Gonçalves, diretora do UPTEC, parceiro do evento, admite que estas empresas reflectem o apoio que é dado pelos vários stakeholders da cidade, que vão desde a Câmara Municipal, à Universidade. Mas para a diretora da incubadora de empresas da Universidade do Porto a subida não deve ficar por aqui. É preciso mais investimento nacional e internacional.

E é esse trabalho que a ScaleUp quer pôr em prática durante a semana. Sendo o financiamento uma questão essencial no sucesso dos novos negócios, Clara Gonçalves e Filipe Araújo consideram fundamental a captação de apoios internacionais. Para isso, é preciso dar a conhecer aos investidores internacionais o “posicionamento da cidade” a constituição de “redes que permitirão ter conhecimento do ensino, das estruturas e dos centros de desenvolvimento da cidade”, explica a directora do UPTEC.

Ganhar a atenção de empresas internacionais pode começar num dos eventos da semana. O ScaleUp for Europe, Congresso Anual da Rede Europeia de Business Angels, vai, durante três dias, juntar mais de 250 investidores internacionais. Discutir estratégias de crescimento sustentável para startups e scaleups, captar investimento, crowdfunding estão na ordem de trabalhos da conferência que vai decorrer nos dias 25, 26 e 27 no Hard Club, no Palácio das Artes e no Palácio da Bolsa.

Através de bootcamps, os participantes vão ter a oportunidade de desenvolver competências para a procura de emprego, sob o olhar atento de empresas, explorar sinergias em reuniões entre startups e indústrias, apresentar novas empresas, procurar apoios e captar investimento.

Quem passar pela Rua das Flores vai poder ter contacto com diversas actividades relacionadas com as fases de criação e de desenvolvimento das empresas. Uma tentativa de mobilizar os cidadãos e inseri-los na dinâmica empreendedora da cidade. Esta “abertura” quer envolver a sociedade civil com a própria cidade, que Clara Gonçalves considera ser um “laboratório vivo” e dar a possibilidade de conhecer todos os stakeholders.

A semana termina com uma maratona de programação. Desenvolver aplicações com big data, grandes quantidades de dados armazenados, em 24 horas a e com aplicação prática  no dia-a-dia nas áreas do Turismo, da Mobilidade, do Trânsito, do Ambiente é o desafio lançado pela autarquia e pela empresa 7 Graus. Ao mesmo tempo, cidades como Santander, Utecht, Amersfoort, Olinda e Recife vão estar conectadas com o mesmo objectivo, numa resposta ao desafio lançado pela cidade do Porto.

 

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