Santana Lopes: preocupações de ecologistas sobre Monsanto não cairão em "saco roto"

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Santana Lopes garante que a Feira Popular como existia em Entrecampos não vai funcionar em Monsanto Miguel Silva (PÚBLICO)

Associações ecologistas manifestarem hoje ao presidente da Câmara de Lisboa as suas preocupações com a transferência da sociedade hípica e da Feira Popular para o parque de Monsanto. Em resposta, Santana Lopes garantiu que os receios apontados não cairão em "saco roto".

"Estas associações estão preocupadas com o número de visitantes que equipamentos como a sociedade hípica ou o novo parque de diversões podem trazer a Monsanto", disse o presidente do município, Santana Lopes, no final de uma reunião de duas horas à porta fechada com as associações que constituem o movimento cívico Plataforma por Monsanto.

O autarca assegurou que ia conferir as preocupações das associações ecologistas e prometeu trabalhar sobre elas, marcando uma reunião para daqui a três semanas. "São preocupações que não caem em saco roto", garantiu Santana Lopes, considerando que foi uma reunião "construtiva, elegante e útil".

Durante a reunião, Santana Lopes disse que ouviu vários elogios ao trabalho que tem sido feito em Monsanto, mas também preocupações várias em relação a algumas intenções que a câmara tem para o parque florestal.

As associações criticaram a transferência do centro hípico para Monsanto que, segundo dizem, irá ocupar 17 hectares que se tornarão privados. O parque ocupa uma área total de 800 hectares. "Estamos a falar de 17 campos de futebol, ou seja 17 hectares que são de todos os lisboetas e que passam a ser um gueto", afirmou Álvaro Madeira, da Associação dos Moradores do Alto da Ajuda.

Perante estas acusações, Santana Lopes frisou que "se houver um clube hípico em Monsanto será aberto à população". "Essa foi uma das preocupações manifestadas e que será tida em conta", frisou o autarca, que ouviu ainda várias intervenções preocupadas com a transferência da Feira Popular para aquela zona.

Segundo Santana Lopes, a Feira Popular como existia em Entrecampos não vai funcionar em Monsanto, explicando que o que está previsto é melhorar o Parque Infantil do Alvito com novas diversões. Outro objectivo da autarquia é fazer com que haja cada vez menos carros. "Quem quiser entrar em Monsanto tem que utilizar as navettes (mini-autocarros) que vamos criar", sublinhou.

"Muitas das pessoas que estiveram na reunião moram ou vivem perto do Monsanto e não pode haver dois elitismos: os que sempre lá moraram e têm o parque para eles e os daqueles que durante décadas não iam lá", adiantou.

Ao abrir a reunião, Santana Lopes disse que gostava de ter ouvido durante as últimas décadas estas associações falarem contra a prostituição em Monsanto, a sucata na encosta do Alvito ou contra o tipo de relação que existia dos lisboetas com o parque florestal.Santana Lopes escusou-se a avançar datas sobre quando estes equipamentos iriam ser instalados, afirmando apenas que era durante esta ano.

A associação ambientalista Quercus apresentou um pedido à Comissão de Acesso aos Documentos Administrativos (CADA), para que este organismo solicitasse junto da autarquia os projectos que existem para o Parque Florestal do Monsanto e que as associações há muito vinham reclamando.

No entanto, Carlos Moura, desta associação ambientalista, disse que não foi apresentada documentação durante a reunião. "Não temos dados profundos sobre esta matéria, continuamos sem documentação. Aquilo que foi apresentados foram apenas esboços de intenções", adiantou Carlos Moura, acrescentando que foi prometida uma reunião onde espera já ter alguma documentação sobre a qual se possam debruçar mais aprofundadamente.

Álvaro Madeira, da Associação de Moradores do Alto da Ajuda, defende para o parque florestal do Monsanto mais ciclovias e mais árvores de diversificação. "Não devemos mexer muito mais do que isso", frisou, defendendo a continuação do parque florestal do Monsanto e não transformá-lo num parque urbano.

Manuel Verdugo, da Associação Utilizadores e Amigos de Monsanto, também manifestou preocupação com a transferência da Feira Popular e do Centro Hípico para aquela zona verde de Lisboa. "Nós contestamos qualquer medida de intervenção no Monsanto que possa amputar ou desvirtuar este conceito de parque florestal", comentou, avisando: "estamos alerta e no dia 21 de Março, Dia Mundial da Árvore, vai haver uma acção cívica a pé com atletas".

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