Rui Rio pede demissão do ministro da Saúde

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Rui Rio acusa a oposição de "procurar branquear a decisão do IDT de acabar com o Porto Feliz" Manuel Roberto/PÚBLICO (arquivo)

O presidente da Câmara do Porto, Rui Rio, pediu hoje a demissão do ministro da Saúde, reafirmando que Correia de Campos é directamente responsável pela gestão do Instituto da Droga e Toxicodependência (IDT), que considera inadequada.

O pedido de demissão de Correia de Campos surgiu na sequência de uma solicitação do vereador do PS, Francisco Assis, que em reunião do executivo afirmou querer que Câmara do Porto retome de imediato o diálogo com o IDT, para que seja encontrada uma solução de combate ao tráfico de droga na cidade.

Também o vereador da CDU, Rui Sá, apresentou hoje uma proposta de recomendação, em que considerava fundamental que a autarquia agendasse uma reunião para análise dos planos de resposta integrados direccionados para o Porto, e que convidasse a delegação regional do Norte do IDT para estar presente na reunião. Esta proposta foi chumbada pela maioria PSD-CDS-PP.

Para Rui Rio, "aquilo que a oposição visava era o folclore em torno do Porto Feliz e não qualquer espécie de esclarecimento". "A oposição está a procurar branquear a decisão do IDT de acabar com o Porto Feliz e a branquear o próprio ministro", afirmou o autarca social-democrata.

O autarca criticou o facto de tanto o IDT como o ministro Correia de Campos nunca terem respondido às cartas por si enviadas a propósito do reatamento do programa Porto Feliz. Essas cartas, acrescentou, "são para assinar uma colaboração".

Segundo referiu, a autarquia está disponível para colaborar com o IDT e o Ministério da Saúde na promoção do programa Porto Feliz, mas perante uma não resposta das entidades nada mais pode fazer. "A ideia [da câmara] é [criar] um modelo igual [ao Porto Feliz], mas eles até podem mandar um protocolo que tenha alterações e nós podemos aceitar isso, mas não respondem", afirmou Rui Rio.

A oposição "queria uma reunião na câmara para quê?", questionou Rio, sustentando que não há mais nada a esclarecer relativamente ao fim do Porto Feliz.

Em declarações aos jornalistas, o vereador Rui Sá afirmou ter sido surpreendido com o chumbo da sua proposta de recomendação. Na sua opinião, perante esta tomada de posição da maioria, "Rui Rio serviu-se do pretexto do IDT para acabar com o Porto Feliz", que "estava já esgotado" e "custava centenas de milhares de euros" aos cofres da câmara.

"O combate à toxicodependência não se baseia num só programa. Discute-se", defendeu o autarca da CDU, acrescentando que o presidente da autarquia está a "tentar cavalgar esta situação com demagogia, ao dizer que os arrumadores estão de regresso às ruas da cidade, pondo em causa a direcção do IDT".

Francisco Assis considerou, por sua vez, que "a câmara não se pode demitir das suas responsabilidades no tratamento da toxicodependência". "Esgotado o programa Porto feliz, por decisão unilateral da Câmara do Porto, sem que tenha sido feita uma avaliação externa ao mesmo, tem que se passar para uma fase nova, que implica que haja concertação entre a autarquia e o IDT", frisou.

Rui Rio anunciou em Julho o fim do Porto Feliz, acusando o PS e o Governo de "matar" um projecto de combate à toxicodependência de "reconhecido sucesso".

No âmbito deste programa foram, segundo números adiantados pelo Porto Feliz, contactados 2500 toxicodependentes, dos quais 669 aceitaram, contratualmente, integrar o Porto Feliz e 334 ficaram livres da droga e aptos para a vida activa, recuperando ou ganhando um emprego.

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