“Rui Moreira é um bom vereador da Cultura, mas um péssimo gestor do município”

CDU anuncia que vai votar contra as contas da Câmara do Porto de 2016, por entender que o relatório aponta para uma estratégia exclusivamente de poupança

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O vereador Pedro Carvalho criticou Rui Moreira por não usar o excedente orçamental para investir na resolução de problemas da cidade Diogo Baptista

A CDU analisou o relatório das contas da Câmara do Porto de 2016 e concluiu que só pode votar contra o documento, por este representar “uma estratégia” política que os comunistas rejeitam. Em conferência de imprensa, na tarde desta terça-feira, o vereador Pedro Carvalho criticou o documento que mostra, para os comunistas, que o presidente Rui Moreira e o seu executivo não fizeram mais nada senão poupar. “Se manter as contas equilibradas faz sentido, a política pública não foi feita para gerar ‘lucros’, uma vez que o pressuposto da receita cobrada é ser traduzida em benefícios das populações e do desenvolvimento local”, disse. Ora, no entender dos comunistas, Rui Moreira só se limitou a poupar, o que levou o deputado municipal Honório Novo a afirmar: “Rui Moreira é um bom vereador da Cultura, mas um péssimo gestor de uma câmara municipal com a dimensão da do Porto”.

A suportar esta posição estão os números expressos no relatório das contas do ano passado e, também, dos anos anteriores. Pedro Carvalho lembrou que, em 2014, a Câmara do Porto teve um excedente de “45,3 milhões de euros”, verba que subiu para “49,2 milhões” em 2015 e que chegou aos “66 milhões de euros” em 2016. E o problema, referiu o vereador da CDU, é que este excedente “não foi utilizado nos últimos anos para alavancar o investimento municipal”.

Artur Ribeiro, deputado municipal da CDU, recordou que Rui Moreira justificara a baixa execução orçamental de 2014, e a acumulação de excedente, com “a demora nos vistos do Tribunal de Contas, dizendo que até dava jeito, porque assim sobrava verba para reabilitar o Mercado do Bolhão”. “Mas não reabilitou o Bolhão e em 2015 sobraram 50 milhões. Este ano, são 66. Porque é que não os gasta?”, questionou o deputado comunista, ironizando que o autarca até lhe fazia lembrar o “Tio Patinhas”, da Walt Disney. “O homem só vive para poupar. Qual foi a obra que fez? Temos as obras mais ou menos encaminhadas, mas feitas mesmo, tirando a animação da cidade, não se vê. E é por a cidade não ter dinheiro? Não. É o que mais há, a câmara está cheia de dinheiro. Não percebo que explicação é que ele vai dar desta vez”, afirmou Artur Ribeiro.

O comunista não precisou de esperar muito pela resposta, que lhe seria dada pelo colega de bancada, Honório Novo. “A resposta é fácil: incompetência e incapacidade, porque os meios financeiros existem em larga escala”, disse. Referindo-se à mensagem do presidente da Câmara do Porto que, pela primeira vez, acompanha o relatório de contas, Honório Novo classificou-a como “a primeira peça de campanha eleitoral de Rui Moreira”, mas criticou o autarca por ter errado no tom. “Devia ser um pedido de desculpas aos cidadãos e, infelizmente, não o é. E um pedido de desculpas porque durante quatro anos não concretizou nenhuma, mas nenhuma das grandes obras que tinha anunciado na campanha eleitoral de 2013”, disse.

Na mensagem que acompanha o relatório, Rui Moreira, que já anunciou a recandidatura à presidência da câmara, disse estar “orgulhoso” do modelo de governação da cidade, argumentando que “seria impossível”, no próximo ciclo autárquico, não executar os grandes projectos como a reabilitação do Mercado do Bolhão ou do Matadouro de Campanhã, “sejam quais forem os protagonistas políticos”.

Palavras que não impressionaram os eleitos da CDU na cidade que, além de acusarem o autarca de carregar a responsabilidade de ter, em 2016, potenciado “um investimento (…) ao nível de 2012 e insuficiente para dar resposta às necessidades existentes”, criticaram ainda o facto de o actual relatório “em nome da facilidade comunicativa”, dificultar “cabalmente” o acesso à informação. Também aqui, Pedro Carvalho comparou o documento com o do ano anterior, mostrando que, no deste ano, desapareceram, por exemplo, das despesas referentes ao pessoal, itens como a verba gasta em horas extraordinárias ou em avenças.

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